06 ago, 2024 - 16:42 • Tomás Anjinho Chagas
O PCP acusa o PS e o PSD de serem "cúmplices" do atual estado do Serviço Nacional de Saúde, que tem registado nos últimos dias dezenas de serviços de urgências de obstetrícia encerrados por falta de profissionais de saúde para preencher as escalas.
A posição foi transmitida por Bernardino Soares, membro do Comité Central do Partido Comunista Português (PCP), numa conferência de imprensa feita a partir da sede dos comunistas, na Soeiro Pereira Gomes, em Lisboa.
"As responsabilidades políticas são do primeiro-ministro, da ministra da Saúde, e também do governo anterior. Há agora quem queira, do partido do governo anterior [PS] sacudir a água do capote", começou por criticar o dirigente comunista.
Bernardino Soares vai mais longe e diz "sem falsa ironia" que "neste caso, as críticas entre PS e PSD são ambas verdadeiras, porque eles são cúmplices na situação a que chegámos".
Os comunistas consideram que a atual situação é "um atentado à saúde materno-infantil" e distribui culpas entre PS, PSD e CDS, partidos que ocuparam ou ocupam cargos governativos na última década. E acusa os três partidos de quererem “deixar cair a obstetrícia e ginecologia no SNS” para entregar essa função aos privados.
O dirigente comunista acredita que o atual (e o anterior) governo de saberem que o aumento da pressão sobre as urgências de obstetrícia iria acontecer, e diz que não agiram para empurrar as grávidas para os hospitais privados.
"É um desastre há muito anunciado, e mais do que isso, é uma consequência esperada e desejada pela política de saúde do atual e do anterior governo", distribui Bernardino Soares, que foi também presidente da Câmara Municipal de Loures. O membro do Comité Central do PCP acrescenta que estes constrangimentos só "beneficiam o setor privado da saúde".
Para solucionar o problema, o PCP insiste na criação de uma carreira de dedicação plena dos profissionais do SNS, onde quem adira tenha um aumento de 50% da remuneração base. Bernardino Soares admite que ainda não sabe quanto custaria esta medida, uma vez que dependeria do número de profissionais que a ela aderissem.
Além disso, os comunistas defendem a redução do horário de trabalho dos profissionais do SNS: "Menos carga de trabalho significa mais atratividade para os profissionais. Só resolvemos isto com mais profissionais, não é com eles os que estão a trabalhar mais. Se eles continuarem a ser carregados com mais trabalho, vão sair", remata Bernardino Soares.