27 jun, 2024 - 19:52 • Susana Madureira Martins
Hora da Verdade
Tiago Oliveira, que lidera há sete anos a Agência (...)
“Não há risco zero de incêndio” no parque florestal de Monsanto, considerado o pulmão verde de Lisboa — isto é admitido logo à partida pela diretora municipal de Ambiente, Estrutura Verde e Clima, Catarina Freitas em conversa com a Renascença.
Mas, convidada a comentar as declarações do presidente da Agência de Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), que, em declarações ao programa Hora da Verdade da Renascença e do jornal Público defende a urgência em fazer uma limpeza ao parque de Monsanto, Catarina Freitas refuta o dramatismo de Tiago Oliveira.
“Naturalmente, que, na época de incêndios, as nossas equipas entram no terreno para fazerem a limpeza das faixas de gestão de combustível, para fazerem desbaste de áreas de prado, para fazerem podas de árvores, para permitir que não haja nenhum condicionante à circulação de viaturas de emergência”, garante a responsável municipal.
Com ironia, Catarina Freitas justifica que se se quiser “risco zero” de incêndio na mata de Monsanto, em Lisboa, “então, se calhar” é preciso “tirar as árvores todas, não é? É a única forma de evitar o incêndio”.
Apelando à “tranquilidade” dos habitantes de Lisboa, Catarina Freitas contabiliza o rol de meios de vigilância e de prevenção de um potencial incêndio no parque de Monsanto.
Há equipas multidisciplinares, que integram engenheiros florestais, agrónomos, arquitetos paisagistas, engenheiros biofísicos, biólogos e meios de “resposta rápidos a situações de emergência”, sediados dentro do parque, “não só” o Serviço Municipal de Proteção Civil, mas também existe um quartel do Regimento dos Sapadores de Bombeiros de Lisboa, explica Catarina Freitas.
Além disso, a autarquia conta com a Polícia Florestal que faz vigilância montada a cavalo, existe uma esquadra da Polícia de Segurança Pública (PSP) no Alto do Duque e um sistema de videovigilância com câmaras que “estão quase no perímetro exterior do parque, mas também no interior”, explica a responsável municipal.
Para além dos meios de vigilância, o parque possui um sistema de hidrantes e de marcos de incêndio, uma rede de depósitos de água e uma rede de caminhos e de pistas para a circulação de veículos de emergência.
Catarina Freitas recorda um recente susto no coração de Monsanto. No ano passado, na madrugada de 4 para 5 de agosto, em plena Jornada Mundial da Juventude, em que Lisboa estava sob uma onda de calor, um automóvel despistou-se incendiando o talude próximo da autoestrada junto ao parque. “Em três minutos tínhamos meios no local e conseguimos dominar de imediato esse incêndio.”
A responsável municipal também responde ao desafio do presidente da AGIF de fazer regressar Monsanto à sua função original de abastecimento de carne, queijo e leite para toda a cidade de Lisboa, apostando na silvicultura e pastorícia em pleno parque.
“Este ano, no âmbito de um projeto europeu, nos meses de abril e maio, fizemos uma experiência com ovelhas para fazerem o pastoreio em áreas de prado do parque”, explica Catarina Freitas. A Câmara está a “avaliar” se vai continuar com o projeto. “Se tivermos lá as ovelhas, temos que, naturalmente, ter tratadores para maneio dos animais”, sintetiza a diretora municipal de ambiente.
Perante os alertas do presidente da AGIF, Catarina Freitas garante que tem “sempre abertura e disponibilidade para ouvir as várias entidades”, incluindo a agência que Tiago Oliveira dirige.