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"É chocante". Lista conjunta com Chega para Conselho de Estado provoca desconforto no PS

18 jun, 2024 - 19:40 • Susana Madureira Martins

O ex-dirigente e antigo secretário de Estado do PS Ascenso Simões diz que não entende "tamanha falta de sentido político". Direção do grupo parlamentar defende-se dizendo que a eleição dos conselheiros de Estado "emana da Assembleia da República com base no método de Hondt".

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Está a causar mal-estar no PS a apresentação de uma lista única para o Conselho de Estado que inclui, não só o PSD, mas o Chega. O ex-deputado e antigo secretário de Estado Ascenso Simões escreveu na rede social Facebook que não entende "tamanha falta de sentido político".

Depois de a direção do grupo parlamentar do PS ter confirmado que Pedro Nuno Santos e Carlos César eram os dois nomes indicados para o Conselho de Estado e de se saber que à habitual lista conjunta com o PSD se juntava o Chega, os socialistas ficaram surpresos com a solução.

Ascenso Simões escreve na mesma publicação que "se foi porque o PSD não queria fazer uma lista só com o PS, então devia ter sido rejeitada a solução de uma lista só" e que a eleição para o Conselho de Estado "faz-se pelo método de Hondt e, por isso, não é necessário constituir uma lista única onde esteja o secretário-geral do PS e o presidente do Chega".

Em resposta à Renascença sobre a razão de aceitar uma lista conjunta para o Conselho de Estado que inclui o nome de André Ventura , o gabinete da líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, diz que "a eleição dos cinco membros do Conselho de Estado emana da Assembleia da República com base no método d'Hondt".

Ou seja, através do método de Hondt, o Chega teria sempre direito a um candidato a conselheiro ao órgão de consulta do Presidente da República. O que fica por explicar é o facto de o PS aceitar fazer parte do mesmo lote que inclui o nome de André Ventura.

À Renascença, um deputado socialista assume que é "chocante que o PS, que não votava nada com o Chega, agora aprova listas conjuntas" para um órgão que o Presidente da República tem de consultar se, por exemplo, quiser dissolver o Parlamento.

O mesmo deputado reconhece que a lista conjunta PS, PSD e Chega é o que "permite maior garantia de o resultado ser aquele", ou seja, evitam-se sobressaltos na eleição dos nomes indicados por cada um dos três partidos.

Embora seja uma solução que não "agrade muito" e possa "ser chocante para algumas pessoas", a mesma fonte diz que assim se segue uma "praxe", a de apresentar uma lista conjunta. Que desta vez se estende ao partido de André Ventura.

Um dirigente socialista assume à Renascença que a opção de integrar uma lista conjunta se deve a "pragmatismo" e que para todos os efeitos "eles têm direito ao lugar" no Conselho de Estado. "Em termos de tradição foi sempre conjunta", acrescenta a mesma fonte.

Uma posição questionada pela ala da oposição interna da direção de Pedro Nuno Santos. Um representante desta linha em conversa com a Renascença estranha o sentido desta opção, desabafando mesmo com um "estamos sem rumo".

Esta terça-feira, para além dos nomes do PS indicados para o Conselho de Estado, de que a Renascença já tinha, de resto, dado conta, foram tornadas públicas as escolhas do PSD, que incluem o ex-primeiro-ministro Francisco Pinto Balsemão (que já integrava a atual composição) e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.

A eleição dos cinco nomes indicados pelos deputados para o Conselho de Estado está marcada para esta quarta-feira no Parlamento e entre os socialistas mais desagradados com a opção da direção do grupo parlamentar aventa-se a possibilidade de surgirem diversas declarações de voto na altura da votação da lista conjunta.

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