29 mai, 2024 - 17:38 • Isabel Pacheco
Zay chegou a Portugal em 2018 e dos portugueses diz não ter razão de queixa. Vive na freguesia de Marinha das Ondas, Figueira da Foz, e é em português que nos dá os bons dias. Ali, naquela freguesia, “há muita paz e todas as religiões”. O resultado é um ambiente quase familiar entre, já que “o comportamento é como de irmãos e de irmãs”.
O único senão, lamenta o nepalês, é a demora para renovar o título de residência. “Esperamos muito tempo: cinco, seis meses. Quando chega já perdeu a validade”, conta-nos Zay.
O migrante é um dos mais de 60 alunos do projeto “Aprender português” desenvolvido pela Cáritas, em parceria com a Junta de Freguesia de Marinha das Ondas, e que ocupa uma antiga escola primária. Um projeto que não vai ficar por ali.
O autarca, José Alberto Souza adianta que “em breve” vão abrir “uma oficina de profissões” e “alugar algumas terras para que os migrantes possam trabalhar”.
“É este tipo de integração que queremos fazer com os migrantes. Eles também sentem que estamos do lado deles”, aponta o presidente de junta que, garante, até ao momento, não houve qualquer caso de insegurança. “Felizmente as coisas têm sido boas de ambas as partes.”
José Alberto Souza já perdeu a noção de quantos migrantes tem a comunidade. O certo é que são 12 nacionalidades, sobretudo, da Ásia.
É mão de obra que chegou para a indústria, para a agricultura e gestão florestal, mas também, para “dar vida” à freguesia, reconhece Hermínia Pedrosa, proprietária do café da aldeia. “Eles sentem-se bem e não dão problemas. Trouxeram outra vida à freguesia , senão estava morta, parada”, ressalva Hermínia Pedrosa que, questionada sobre se os emigrantes são bem-vindos, garante que, por ela, sim.
O caso da comunidade migrante em Marinha das Ondas é apontado pelo Livre como um dos bons exemplos do país no acolhimento de migrantes. De visita a Marinha das Ondas, numa ação de campanha, Francisco Paupério, o cabeça de lista do partido às europeias, defendeu a necessidade de aumentar os fundos comunitários para a migração.
“Há fundos precisamente para este tipo de projetos e o Livre quer que sejam aumentados”, sublinhou Francisco Paupério, lembrando que a migração não é só uma “questão de fronteira ou de segurança”.
Referindo-se àquele projeto, o candidato garantiu “não ser caso único em que a integração funciona” e que são necessários mais fundos para apoiar projetos semelhantes. Por isso mesmo, “o Livre quer que nos próximos Fundos Europeus haja realmente uma dotação maior para a inclusão dentro de cada país”, justificou Francisco Paupério, que acredita que dar a conhecer bons projetos de integração é “uma forma de desmitificar" algumas das coisas que se dizem quando se fala de migrantes.