11 nov, 2023 - 09:00 • André Rodrigues
O presidente da Associação Comercial do Porto considera "muito triste" o caso que espoletou a demissão de António Costa da liderança do Governo.
No habitual comentário semanal aos sábados de manhã, na Renascença, Nuno Botelho alerta que casos como este lançam um clima de suspeita sobre a classe política e que, quando tal acontece, "são os extremos que ganham".
"São situações que degradam a confiança dos eleitores, independentemente da presunção de inocência... há, de facto, questões complicadas para justificar e, portanto, desse ponto de vista, foi uma semana muito complicada, em que a democracia portuguesa, que está prestes a celebrar 50 anos, sofreu um duro revés", acrescenta.
Para Nuno Botelho, entre uma solução de continuidade liderada por Mário Centeno - tal como proposto no Conselho de Estado por António Costa - e a convocação de eleições antecipadas, "era inevitável" que o Presidente da República optasse pela dissolução do Parlamento e consequente regresso antecipado às urnas.
"Acho que Marcelo Rebelo de Sousa esteve bem porque, de facto, estava completamente em causa o normal funcionamento das instituições, que é algo que Marcelo sempre disse que era uma linha vermelha à qual não iria ceder", sublinha.
Por outro lado, o presidente da Associação Comercial do Porto adverte que, perante este caso, cabe aos partidos tradicionais, do chamado arco da governação, restituir e, até, reforçar a confiança dos eleitores na classe política.
E, neste ponto particular, Botelho defende que o PS tem particulares responsabilidades, tendo em conta que "os últimos três primeiros-ministros do PS saíram por diferentes motivos. António Guterres sai, porque deixa o país num pântano; Sócrates, porque entregou ao país à troika e, também, com fortes complicações do ponto de vista jurídico; António Costa sai disto sem honra nem glória".
"O PS, talvez demasiado habituado aos corredores do poder, facilita" e, portanto, na opinião do jurista, "prestou um mau serviço" ao país e à democracia.
A Procuradoria refere que apesar de o caso exigir (...)
António Saraiva, ex-presidente da CIP: "esta semana estive na homenagem feita pela Associação dos Metalomecânicos e Metalúrgicos a António Saraiva. É uma associação a que presidiu, antes de exercer funções na CIP. Estamos a falar de alguém que, pelo seu percurso profissional absolutamente imaculado, merece, em vida e com saúde, esta homenagem (...) eu acho que é justa esta homenagem, mas eu aqui também queria realçar o seu percurso e fazer-lhe eu próprio também esta homenagem, porque alguém que exerce funções e a causa pública, da forma como António Saraiva sempre fez, merece um elogio".
Quebra das exportações e arrefecimento do clima económico: "as exportações em setembro recuaram 8,2%. É o sexto mês consecutivo de exportações a recuarem. As importações também recuaram cerca de 13%, o que dá uma ideia do arrefecimento económico que estamos a viver e também um arrefecimento naquilo que é o crescimento que nós prevíamos que fosse de cerca de 2,2%, mas que está apenas em 1,4%. Num país com uma instabilidade política, estes números da economia são também eles muito preocupantes".