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Comissão parlamentar de Cultura chumba audição do ministro sobre Coliseu do Porto

19 jul, 2022 - 20:30 • Lusa

Para o parlamentar bloquista "raras são as vezes" que uma comissão parlamentar "chumba a vinda de um governante para esclarecer" determinada matéria.

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O requerimento apresentado pelo Bloco de Esquerda, para audição do ministro da Cultura à Comissão Parlamentar de Cultura, sobre o Coliseu do Porto, e da presidente da casa de espetáculos, foi hoje rejeitado, com os votos contra do PS.

O PSD, através da deputada Carla Madureira, propôs juntar a esta audição o envio de um convite ao presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, para estar também presente, numa audição na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.

O deputado bloquista José Soeiro, que subscreveu o requerimento, considerou "inexplicável" o voto contra para se ouvir os esclarecimentos do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e a presidente da direção do Coliseu, Mónica Guerreiro, e afirmou-se "muito triste".

Para o parlamentar bloquista "raras são as vezes" que uma comissão parlamentar "chumba a vinda de um governante para esclarecer" determinada matéria.

Nesta votação, a deputada socialista Maria João Castro, membro efetivo desta comissão, e que faz parte da direção do Coliseu, não participou na reunião, e pediu para que tal constasse em ata.

José Soeiro, que não faz parte da comissão, defendeu o requerimento acerrimamente, e afirmou não perceber ter a Câmara do Porto 4,2 milhões de euros para reabilitar o Cinema Batalha, que pertence a privados, e ter o Estado quatro milhões para expandir a Fundação de Serralves, e não se conseguir 3,6 milhões para obras de requalificação de uma "sala histórica do Porto e da sua região metropolitana".

Soeiro recordou o cordão humano realizado quando a compra do Coliseu já tinha sido efetivada pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), na década de 1990, e que o empenho dos cidadãos foi capaz de reverter uma decisão, demonstrando como o Coliseu é parte "do capital afetivo da cidade".

Carla Miranda, do PS, eleita pelo círculo do Porto, referiu que fazia parte do mandato da atual presidente da direção do Coliseu, conseguir a concessão a privados. "Está escrito em ata desde o primeiro momento", garantiu Carla Miranda que anunciou o voto contra do PS.

Na passada sexta-feira, a direção da Associação Amigos do Coliseu, entidade que gere o equipamento cultural portuense, aprovou por unanimidade uma proposta, apresentada pelo representante da Câmara do Porto, para que este fosse concessionado a privados. .

A direção da Associação Amigos do Coliseu é composta por Mónica Guerreiro, presidente do Coliseu do Porto e representante do Ministério da Cultura, Maria João Castro, representante da Área Metropolitana do Porto (AMP), Nuno Lemos, representante da Câmara Municipal do Porto, Daniel Pires, representante dos Associados Individuais da Associação Amigos do Coliseu, e António Tavares, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, representante dos associados coletivos. .

No mesmo dia, o ministro Pedro Adão e Silva afirmou que "apoiava" a concessão do Coliseu do Porto a privados e que a opção era feita "sem nenhum preconceito" quanto ao modelo de gestão e financiamento da reabilitação.

"O Ministério da Cultura apoia a decisão e proposta da Câmara do Porto", afirmou Pedro Adão e Silva, em declarações enviadas à agência Lusa.

O ministro salientou que as autarquias são "a instância mais bem posicionada para tomar posições sobre estas matérias e fazer escolhas". .

"Essa opção é feita sem nenhum preconceito, nem em relação ao modelo de gestão, nem em relação à forma de financiar o imóvel. E, aliás, é uma posição que está conforme e alinhada com aquilo que continua a ser a decisão em vigor tomada pela Assembleia Geral da Associação Amigos do Coliseu do Porto", referiu na ocasião.

Em abril do ano passado, a então ministra da Cultura, Graça Fonseca, afirmou que a concessão do Coliseu a entidades privadas iria ser suspensa e que se iria avançar com a reabilitação daquele espaço.

As obras de reabilitação, com a duração prevista de oito meses, foram orçadas em 3,5 milhões de euros, e iriam ser suportadas de igual forma pelo Governo e pela Câmara do Porto.

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