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49º Aniversário PS

Costa avisa PS. "Os partidos não são eternos"

21 abr, 2022 - 02:04 • Susana Madureira Martins

No aniversário dos 49 anos do PS, o secretário-geral socialista pede ao partido que para persistir é preciso "acompanhar a evolução da sociedade", assumindo ainda que a guerra na Ucrânia é um desafio que "vem agravar a situação de recuperação difícil" que o país já estava a atravessar com a pandemia. "Este não foi cenário com que sonhámos", resume António Costa.

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Antes de meter a velocidade de cruzeiro no discurso já recorrente sobre o Orçamento do Estado de 2022 - "sim, cá estamos com o mesmo Orçamento" - António Costa fez questão de salientar que estes 49 anos de PS têm um património, uma identidade que "é muito importante não esquecer".

Porque, explica o líder socialista, "ao contrário do que muitos pensam os partidos não são eternos e não faltam partidos irmãos do PS que, infelizmente, já provaram na sua história e provam-no recentemente, que os partidos não são eternos".

Costa não disse quais são esses partidos "irmãos", mas na Europa é evidente o caso do PS francês que há duas semanas cavou ainda mais o fosso da sua própria existência na primeira volta das presidenciais em que a candidata socialista Anne Hidalgo se ficou por uns escassos 2%.

Fica, então, o aviso do secretário-geral socialista que "para os partidos persistirem e continuarem a ser representativos da sociedade têm de ser capazes de acompanhar a evolução desta sociedade".

Em Lisboa, numa Gare Marítima de Alcântara à pinha, o secretário geral do PS falou desse património em que o partido soube ir "exercendo a responsabilidade que os portugueses lhe confiaram" e ao mesmo tempo "soube também ir mantendo sempre aberto o debate no conjunto da esquerda".

O património "daqueles que de 1976 até cá fizeram percursos diversos e confluíram no PS, o grande partido da liberdade, da democracia, do socialismo, da democracia cristã e de muitos valores". A tal identidade que Costa pede para não esquecer. "Podemos orgulhar-nos disso", atirou Costa.

"Dificuldades". Na velha máxima do Homem-Aranha - “com mais poder, vem mais responsabilidade" - para Costa com mais poder, com a maioria absoluta, vem mais responsabilidade. Mas, entretanto, também aparecem mais "dificuldades inesperadas".

Não as dificuldades que surgiram nos primórdios do partido, em que "era difícil encher uma sala" e se era preciso "fazer um comício" era preciso ir a Matosinhos", lembrou Costa. As dificuldades são mais imediatas e "transcendem a nossa capacidade" como a que dura desde 24 de fevereiro, dia do início da guerra na Ucrânia, "uma dificuldade nova" e que "desafia diariamente" a vida de todos depois da pandemia.

Guerra na Ucrânia depois da pandemia? "Este não foi o cenário com que nós sonhámos"

Costa assume que este conflito "vem agravar a situação de recuperação difícil" que o país já estava a ter depois de doi anos de pandemia". E "sim, este não foi o cenário com que nós sonhámos", despacha Costa, repetindo mesmo a frase. "Não foi o cenário que nós desejámos".

Na mesma frase, o líder socialista acrescenta que "quem governa, não governa só para os seus desejos, mas em função da realidade que tem pela frente". Assim, é preciso ao PS "ter a responsabilidade de assumir" o mandato que foi "confiado pelos portugueses".

"Dificuldades" em cima de "responsabilidades" em cima de "muita humildade". É isto que Costa acusa a direita portuguesa de não perceber em relação à governação absoluta do PS. O líder socialista não fala do PSD, mas é para aí que atira um "não esperem" que o PS desista "de cumprir os compromissos assumidos com os portugueses".

A partir daqui surgiu a velocidade de cruzeiro sobre a governação. Em relação a compromissos "se calhar" não serão assumidos "este mês, mas temos que os cumprir no próximo mês, mas vamos cumprir", atirando um "podem estar certos de que sim", acrescentando o seu já clássico "palavra dada, palavra honrada".

O Orçamento do Estado de 2022 é mesmo para cumprir, avisa Costa, "sim, vimos com o mesmo Orçamento", mesmo depois das "circunstâncias terem mudado" e perante as críticas da oposição.

O PS vem "à mesma com o IRS jovem a reduzir e criar maior rendimento disponível para as jovens famílias. "Cá estamos, outra vez, a apresentar esse Orçamento", despacha o líder socialista.

O final da intervenção foi dedicado "às novas gerações" do PS, que Costa tem a certeza de “que serão ainda mais capazes do que foram as anteriores e presentes gerações do PS para darem continuidade ao partido".

Estava fechado o círculo do discurso, desde esse primeiro aviso sobre os partidos que "não são eternos" à necessidade de ser dada uma "continuidade" ao PS, numa quase obrigação das tais "novas gerações".

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