02 fev, 2022 - 12:35 • Marta Grosso com redação, Lusa
O PCP reuniu nesta quarta-feira o seu comité central para analisar os resultados das legislativas de domingo. No final, o secretário-geral transmitiu as principais conclusões.
“O resultado obtido pela CDU nestas eleições traduz uma perda eleitoral com significativa perda de deputados, incluindo representação parlamentar do PEV. O resultado, que fica aquém do trabalho realizado e do determinante contributo para os avanços e conquistas conseguidos, do valor das propostas de solução para os problemas do país representa um elemento negativo na vida nacional”, afirmou Jerónimo de Sousa em conferência de imprensa.
Mas tal não significa que a luta vá parar. “O PCP valoriza o significado e a dimensão das lutas que se desenvolveram nos últimos meses dos trabalhadores e as populações e apela a uma ampla participação nas lutas em curso e programadas”, disse o líder comunista, lembrando a ação marcada já para dia 5 de fevereiro.
“O PCP, face à situação e ao quadro político, aponta a necessidade de uma intervenção centrada na defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores e do povo na exigência de soluções para o país, de dinamização da luta de massas e do esclarecimento, intervenção e mobilização política em que se inserem as várias sessões públicas - a próxima a realizar em Lisboa, em 5 de fevereiro”, destacou.
Jerónimo de Sousa reafirmou, assim, a determinação do partido em prosseguir a luta nas ruas, dizendo que “o país não está condenado às injustiças, desigualdades e retrocesso. A situação do país exige luta de massas, unindo trabalhadores e povo em torno dos interesses e reivindicações”.
A maioria absoluta do PS não irá silenciar o povo e os trabalhadores, garantiu. “Muitos problemas que aí estão colocados na ordem do dia, não será uma maioria absoluta que os silencie, impeça essa manifestação por parte dos trabalhadores e do povo de lutarem pela defesa dos seus direitos para conseguirem novos avanços. Existe uma maioria absoluta com todo o caráter negativo que nós entendemos que tem, mas o pulsar da vida continua”, destacou.
E, a propósito de PS e maioria absoluta, o PCP recusa assumir responsabilidades pelas legislativas antecipadas, provocadas pelo chumbo do Orçamento do Estado para 2022.
“A chantagem que PS fez para não dar resposta aos problemas, apesar de haver meios, confirma a disponibilidade de dar satisfação às persistentes exigências dos grandes interesses económicos que reclamavam rutura de qualquer convergência com PCP e CDU”, apontou o secretário-geral comunista.
A dissolução do Parlamento acabou por favorecer PSD e PS, que ganhou na sequência de uma “operação de bipolarização”, reafirmou.
“Não será com os votos” da bancada comunista na Assembleia da República que o Chega vai conseguir eleger um vice-presidente.
Questionado pelos jornalistas sobre se o PCP vai fazer alguma coisa para “travar” a eleição de um vice-presidente do Chega no arranque da próxima legislatura, Jerónimo de Sousa respondeu que “nem travar, nem destravar”.
“Quero afirmar com clareza que não será com os votos do PCP que o Chega terá esse lugar institucional”, garantiu.
De acordo com uma notícia do semanário “Expresso” publicada na terça-feira, a maioria de esquerda no Parlamento poderá impedir a eleição de um vice-presidente do Chega, terceira força política durante a próxima legislatura.
Como terceiro partido com maior representação no parlamento, o Chega tem o direito de indicar um dos 12 deputados eleitos para o cargo de vice-presidente, que depois é aprovado ou rejeitado através de voto nominal.
Para ser eleito, cada candidato tem de obter no mínimo 116 votos favoráveis.