02 fev, 2022 - 18:15
O Chega vai propor para vice-presidente da Mesa da Assembleia da República um dos seus deputados "que tenha notoriedade" e "alguma experiência" e espera que não haja "um boicote" à sua eleição.
Em declarações aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa, após uma reunião com o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente do Chega, André Ventura, manifestou-se "convencido de que os partidos à direita e também o PS não vão fazer nenhum boicote" ao nome que o seu partido irá propor para a vice-presidência da Assembleia, situação que considerou que "os portugueses não iriam compreender".
Questionado sobre quem o Chega irá propor para esse cargo, André Ventura respondeu que não está "completamente definido", mas será "um nome que tenha notoriedade, que já tenha alguma experiência, que tenha um percurso que fale por si a nível político".
"Ficou claro que não serei eu, ficou também claro que eu não serei o líder parlamentar do Chega", adiantou.
Segundo André Ventura, "o senhor Presidente da República já antevia que pudesse existir algum tipo de problemas relacionados com isto" e a delegação do Chega expôs "incompreensão face a essa situação", embora sem pedir a Marcelo Rebelo de Sousa "que intercedesse pelo Chega" nesta matéria.
O presidente do Chega, que se tornou a terceira maior força parlamentar nas eleições legislativas de domingo, passando de um para 12 deputados, realçou que o Regimento lhe atribui o direito de propor um dos vice-presidentes da Mesa da Assembleia da República e defendeu que os outros partidos devem perceber "a votação que os portugueses deram" a cada um.
"Daqui a bocado mais vale tirarem os nossos deputados de lá, porque não?", questionou, acrescentando: "Tem de haver aqui alguma razoabilidade. Isto é uma democracia, não é uma tirania".
André Ventura estava acompanhado pelos dirigentes do Chega Diogo Pacheco de Amorim e Pedro Pinto.
Noutro plano, o Chega exortou esta quarta-feira o Presidente da República a ser "ativo e vigilante" em relação à maioria absoluta do PS, afirmando esperar que Marcelo Rebelo de Sousa "tenha a noção do seu papel de fiscalização".
Esta posição foi transmitida aos jornalistas pelo presidente do Chega, André Ventura, após ter-se reunido no Palácio de Belém, em Lisboa, com o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, a quem relatou ter feito diretamente esse apelo.
Sobre o processo de formação do Governo, o presidente do Chega apontou essa questão como "relativamente pacífica", havendo uma maioria absoluta do PS, e referiu que 22 de fevereiro é "a data provável para a instalação da Assembleia da República" e 23 de fevereiro para a posse do novo executivo.
André Ventura prometeu que o Chega irá fazer "uma forte oposição" aos socialistas no parlamento e, à semelhança da Iniciativa Liberal, anunciou que irá propor "o retorno imediato dos debates quinzenais", considerando que "o próprio PS dava um bom sinal ao país em aceitar o regresso dos debates quinzenais num cenário de maioria absoluta".
"Exortámos o senhor Presidente da República, que está consciente, evidentemente, das suas totais funções neste momento, de que, a par da fiscalização do parlamento, é importante termos um Presidente da República ativo também e vigilante num cenário de maioria absoluta", declarou.
Segundo o presidente do Chega, o chefe de Estado "está perfeitamente consciente dos seus deveres, perfeitamente consciente da situação política e já fez a análise da situação política".
"Aliás, se há alguma coisa em que Marcelo já tem provas dadas é na análise da situação política", observou.
Questionado sobre as críticas que tem feito a Marcelo Rebelo de Sousa, que defrontou nas presidenciais do ano passado, André Ventura respondeu que respeita o resultado dessas eleições, e acrescentou: "O que espero que Marcelo faça é aquilo que eu faria se fosse hoje Presidente da República, que é fiscalizar o Governo".
"Nós temos ainda memória do que foi a última maioria absoluta socialista, ainda se arrastam nos tribunais processos relacionados com essa maioria absoluta, e acho que é importante que o Presidente tenha a noção do seu papel de fiscalização, que a Constituição lhe atribui. Fosse eu eleito era o que faria, e foi o que exortei ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa que faça", reforçou.
"Espero que o Presidente da República cumpra aquilo que é o seu papel e a sua função", insistiu.