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O regresso da geringonça? Petição de 31 personalidades pede uma nova coligação de esquerda

02 jan, 2022 - 09:35 • Redação com Lusa

O texto é assinado por nomes como o do ex-dirigente comunista Carlos Brito, também o capitão de abril Carlos Matos Gomes e o ex-deputado do PS Pedro Bacelar de Vasconcelos.

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É um apelo ao regresso das coligações de esquerda. Trinta e uma personalidades enviaram uma petição ao PS, Bloco de Esquerda, PCP e Verdes, onde apelam a um entendimento das forças de centro-esquerda para formar uma maioria parlamentar depois das legislativas.

Neste texto, onde consta a assinatura do ex-dirigente comunista Carlos Brito, do capitão de Abril Carlos Matos Gomes ou do ex-deputado do PS Pedro Bacelar de Vasconcelos, os signatários indicam que decidiram juntar-se para “promover o entendimento das forças de centro-esquerda e esquerda, visando constituir uma maioria parlamentar e um Governo que tenha como propósito a aplicação de medidas indispensáveis para a melhoria do bem-estar da população”.

À Renascença Carlos Brito, ex-deputado do PCP, defende que este é o caminho para um Governo estável. “O apelo tem em conta que essa possibilidade existe e que esse é o caminho para termos em Portugal uma governação, não só estável e duradoura, mas também que aponte para uma resposta progressiva aos problemas principais que o país se debate.”

Espera que as forças políticas que não conseguiram chegar a acordo, para a aprovação do Orçamento, “tenham hoje uma visão um pouco autocritica e estejam preparadas se fazer agora o que não se fez, abrindo um caminho na direção de uma convergência consistente”.

É de indispensável que se trabalhe para um acordo escrito”, sublinha.

Já Boaventura Sousa Santos argumenta que só uma solução de Governo de esquerda garante o investimento que é preciso fazer nos serviços públicos, em tempos de pandemia. “Fundamentalmente para que haja estabilidade, que tivemos desde 2016, que foi ancorada numa unidade de esquerda e que me parece que aquela que melhor serve os objetivos neste momento.”

O presidente do Observatório da Justiça admite que a petição é o reconhecimento de que o apelo de Costa para uma maioria absoluta do PS nas legislativas é uma hipótese remota.

Na petição, que visa criar uma “iniciativa de cidadãos” intitulada CORAGEM!, as 31 personalidades frisam que “esse entendimento deverá ser feito tendo como referência um compromisso programático, subscrito pelos partidos que se enquadram naquele espírito”, e deveria ter lugar “imediatamente após a realização das eleições de 30 de Janeiro”, não estando “condicionado ao resultado obtido por cada partido”.

“Os critérios para a construção desse entendimento seriam o reconhecimento da sua relevância política, a boa-fé das partes envolvidas e o compromisso programático subscrito por elas”, frisa o texto.

Segundo os signatários, “o sucesso negocial dependerá da vontade de superar, corrigir e resolver o impasse e as causas que levaram à não aprovação” do Orçamento do Estado pelos BE, que atribuem “à inexistência de um acordo, bem como de mecanismos de verificação da sua execução ao longo do tempo”.

“Estando identificados os problemas que mais afetam os trabalhadores e o povo em geral, do que se trataria neste entendimento seria de fixar as soluções que, numa legislatura, melhor pudessem contribuir para lhes dar resposta”, indicam, acrescentando que existe “um histórico”, em referência à solução governativa que vigorou entre 2015 e 2021, que “poderá auxiliar na construção de uma plataforma que integrasse essas soluções”.

Os signatários afirmam que é “indispensável que se aproveite a oportunidade que se abre em 30 de janeiro para retribuir a confiança política de quem votou naqueles partidos”, considerando que “só a convergência do centro-esquerda e das esquerdas” pode proporcionar “melhores condições de vida a todos e promovendo o desenvolvimento do país”.

“Se nos antecipamos aos resultados eleitorais ao lançar este apelo aos partidos que estão em condições de o concretizar, é porque estamos confiantes de que continuará a existir na Assembleia da República uma maioria parlamentar com condições políticas para a sua viabilização”, apontam.

Em 2015, apesar de não ter sido o partido mais votado, o PS formou governo, depois de formalizar um acordo de incidência parlamentar com o Bloco de Esquerda e o PCP.

Comentários
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  • António Luís Leão Fe
    05 jan, 2022 Lustosa 13:55
    “Brigada do reumático” foi sinal de fim de regime. Embora 1.º Ministro de Portugal à data Prof. Marcelo Caetano tentasse dar a volta ao fechamento de sentido do Portugal de Minho a Timor, falar de crescente autonomia de territórios ultramarinos, mas unidos pela Portugalidade que hoje continua visível – saiba-mo-la desenvolver na CPLP - , mas dizia à sua abertura de “primavera marcelista” onde avultou após 25 de abril esse enorme estadista que foi Francisco Sá Carneiro, ele teve medo de Kaúlza de Arriaga e do Presidente Américo Tomaz. ( Agora eu vejo igual similitude. Se geringonça funcionou como cola de reação a Passos Coelho, do querer “ir além da troika”, erro para que entre outros tanto chamou a atenção a grande “senadora” Manuela Ferreira Leite, a “esquerda geringonça” está ferida de morte. Continuar PS com governação de dinâmica à esquerda de Nuno Santos a enterrar dinheiro na TAP, - já bastava os bancos da falência do sistema neoliberal!... - continuar a ter amparo do marxismo cultural ocidental, mas com raízes ainda do maomismo e das famigeradas e terroristas FP 25 de abril, não tem felizmente mais pernas para andar. Ainda bem que não se entenderam para Orçamento, mas o “contas certas” que haja que fazer justiça a Mário Centeno e agora Leão, tiveram bom senso de não cederem ao mais e mais do “faz acontecer” à Bloco e camaradas geringonços que no passado nos deu a triste herança da 3.ª República, a de face ao atraso do Portugal rural e pouco letrado de Salazar,...
  • Álvaro Costa
    03 jan, 2022 Sines 09:33
    Estes senhores 31personalidades deviam ter um pouco de vergonha ,há quantos anos somos governados pela esquerda?com esta mesma esquerda,só tem emprobecido o país,banca rota,pobreza nacional,está na hora de correr com esta quadrilha de malfeitores viva Portugal viva a liberdade
  • Petervlg
    03 jan, 2022 Trofa 09:01
    Estes fulanos que pedem a petição, não estarão um pouco a gozar com o povo? não foram estes partidos que rejeitaram o orçamento, e levou para esta situação?
  • Manuel
    02 jan, 2022 Vila Nova de Gaia 20:46
    Estas personalidades da treta dos tachos querem influenciar os portugueses. Tenham vergonha na testa o voto é secreto. Será que ainda não viram que queremos votar CHEGA.
  • Jose pinheiro
    02 jan, 2022 Marco de canaveses 18:43
    Acho que seria a melhor ideia.
  • EU
    02 jan, 2022 PORTUGAL 18:42
    Há momentos na vida de um Homem que nunca são esquecidos. Nunca me esquecerei da minha vida militar. Já disse aqui RR que a história nunca foi bem contada. Fui para LÁ obrigado, depois de ter tido DOIS irmãos um em Moçambique e outro em Angola. Quem me MOBILIZOU foram CAPITÃES. Na origem da REVOLUÇÃO esteve em cima da mesa o DESCONTENTAMENTO dos CAPITÃES do quadro em oposição ao ingresso dos milicianos. Nunca compreendi como podia um militar ser opositor ao regime no que à GUERRA dizia respeito, sendo OFICIAL dos COMANDOS. Ainda hoje não comprendo como há ex. COMANDOS que continuam a mostrar a VAIDADE que interiorizaram. Então, temos aqui neste painel de individualidades um senhor capitão que foi Comando, foi opositor ao general Spinola e deixou MEDALHAR-SE pelo referido General. Mas este senhor que hoje é CORONEL( ainda?), numa certa altura da sua vida, soube dizer que quem FEZ a revolução de Abril, foram uns militares OFICIAIS. Perante um PEDANTE desta natureza, como podem os JOVENS militares da altura, darem ouvidos a quem sempre se achou acima do SUPREMO. Sim, achou que era o ÚNICO e o resto, era o resto. Arranjem OUTROS protagonistas, pois o CHEIRO é o mesmo. Mas, para que NUNCA me esqueça, no final da comissão em Angola, não aceitei ser LOUVADO. Aqueles louvores que eram atribuídos para os que gostavam do XIC(QUISM)O. Os MEDALHADOS entre 1961 e 1974, deviam ser mais resguardados e menos VAIDOSOS. Bom Ano 2022 e mais HUMANISNO.
  • manuel oliveira
    02 jan, 2022 matosinhos 18:15
    500 anos de colonialismo - nao aprende-mos a historia - a Europa faz coligaçoes - vejam a Alemanha
  • Jorge Ferreira
    02 jan, 2022 Arcozelo VNG 18:01
    Não entendo como é que neste país ainda existe quem considere o PS uma partido de esquerda! Só se for de esquerda burguesa, aliás isto já vem do tempo do Mário Soares. Afinal onde é que estes senhores de esquerda querem chegar? Pretendem cativar o PS para os guindar para o governo? É brutal esta hipócrisia, muito mais vinda de um capitão de abril. Tenham juízo e deixem os portugueses decidir.
  • João Malheiro
    02 jan, 2022 Porto 11:27
    Personalidades? Esquerdalhada dinossáurica xéxé !!!!!!!
  • Manuel Silva
    02 jan, 2022 Porto 10:31
    Quem são as restantes "personalidades?

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