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Autárquicas 2021

Coimbra. Coligação de sete procura derrubar governação socialista

22 set, 2021 - 07:11 • Liliana Carona

No total, há oito candidatos à presidência da Câmara de Coimbra, mas os holofotes estão direcionados para duas candidaturas: a do atual autarca, o socialista Manuel Machado, que é, também, presidente da Associação de Municípios, e para uma coligação de sete partidos liderada pelo independente José Manuel Silva, antigo bastonário da Ordem dos Médicos. Objetivo? Conquistar uma autarquia que está nas mãos do PS desde 2013.

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“Muita força, vamos lá, vamos vencer”, sorri Esmeralda Teixeira, 76 anos, abraçando o candidato socialista para logo de seguida fazer um reparo. “Fazem as obras e têm tudo mal posto, está tudo a queixar-se”, afirma, no Mercado D. Pedro V, à passagem de Manuel Machado.

Com cerca de 134 mil habitantes, Coimbra tem no atual autarca, Manuel Machado, o candidato socialista às eleições autárquicas.

Aos 65 anos recandidata-se a um papel que conhece bem. “Fui presidente da Câmara de Coimbra de 1990 a 2001 e de 2013 até hoje e conto continuar a ser. Tenho poucos inimigos e os adversários combato-os no sítio próprio e desejo-lhes saúde”, declara, justificando-se.

“Sei que vou ganhar porque percorro as aldeias, o coração da cidade, as ruas e as praças e sinto que a Câmara de Coimbra não deixou ninguém para trás”, diz o autarca e candidato, referindo-se à pandemia.

Manuel Augusto Soares Machado, 65 anos, nascido em Sever do Vouga, é desde 1 de maio de 1974, militante do PS e recandidata-se à Câmara Municipal de Coimbra pelo Partido Socialista, para um terceiro mandato, tendo já ocupado o cargo entre 1990 e 2001.

“O que me move ou porque sou candidato? As medalhas estão aqui todas, tenho orgulho no trabalho que fiz, não é por vaidade nem por ambição pessoal, mas sinto que tenho energia, vontade, determinação para fazer o que falta para valorizar Coimbra e é isso que me move”, esclarece.

José Manuel Silva. “Não sou militante do PSD, sou independente”

Na mesma manhã, também percorreu o Mercado D. Pedro V, o cabeça de lista que tenta derrubar o executivo socialista, através de uma coligação pioneira, assim designa o líder da coligação “Juntos Somos Coimbra”, José Manuel Silva.

“Estamos a inovar na democracia na portuguesa, porque temos um candidato a presidente que não é proposto por um partido, mas proposto por sete partidos. Fizemos aquilo que diziam ser impossível”, considera, realçando a sua independência. “Não sou militante do PSD, sou independente e isto é uma coligação de sete partidos e um movimento independente. Estamos nesta ampla coligação de corpo e alma. O povo de Coimbra diz-nos que vamos ser vencedores”, diz o ex-bastonário da Ordem dos Médicos, de 61 anos, nascido em Pombal e que será o cabeça de lista do PSD, CDS, PPM, Volt, RIR, Aliança e “Nós, Cidadãos”.

O movimento “Somos Coimbra”, por limitação legal, não integra formalmente a coligação, mas os seus membros aparecem como independentes pelo “Nós, Cidadãos”.

Médico nos Hospitais da Universidade de Coimbra e professor auxiliar na Faculdade de Medicina, é atualmente vereador, sem pelouros, tendo sido candidato em 2017, pelo movimento “Somos Coimbra”.

É enquanto vereador que aponta o dedo ao seu principal adversário. “Há quatro anos fui desafiado para protagonizar uma candidatura independente, fiquei como vereador da oposição, sem pelouros e fez-me perceber quão negativa é a gestão política, da coligação PS-PCP. Coimbra está mal cuidada e diz agora o autarca que vai fazer tudo, promete um aeroporto aonde ele não cabe, promete uma marina onde não cabem iates”, denuncia, o candidato independente, demonstrando preocupação com as questões demográficas.

“Os Censos demonstram que Braga, Aveiro e Viseu crescem e Coimbra a perder, 2600 residentes jovens. O problema demográfico tem o dobro da expressão em Coimbra. Como se fixam os jovens no concelho? Com mais empresas e habitação acessível”, adianta José Manuel Silva.

Revitalizar a Baixa ou requalificar o Mondego?

E sobre o que quer para a cidade, o líder da coligação “Juntos Somos Coimbra”, olha para a Baixa. “O que pode fazer a diferença neste mercado não são só as obras, é preciso trazer pessoas à Baixa, e fazer crescer a população de Coimbra. As pessoas do mercado falam-nos com tristeza, que as pessoas não vêm, imensos espaços fechados”.

Para o antigo bastonário da Ordem dos Médicos “é preciso trazer mais empresas, mais investimento, mais emprego, fixar os jovens e é preciso que a Câmara invista na Baixa, no sentido de recuperar imóveis, e colocar no mercado de arrendamento, queremos fazer uma residência de estudantes e uma sala de estudos 24 horas na Baixa, um novo investimento na Praça do Comércio, colocar o Coimbra Story Center, Museu dedicado à história de Coimbra, que também trouxesse mais turistas à cidade. Coimbra tem grande parte do património mundial fechado, não se entende que a Rua da Sofia não tenha um projeto de recuperação do património mundial”.

E Manuel Machado, o candidato socialista? No que diz respeito a propostas políticas, está de olhos postos no Mondego.

“Nós trabalhamos para continuar a requalificar o Rio Mondego e as suas margens, está feita a margem direita e vamos avançar na margem esquerda, vamos continuar a trabalhar para que as nossas empresas se fortaleçam, oferecer lotes de construção” e destaca ainda o setor agrícola, onde assegura, “continuamos a incentivar a agricultura, as margens férteis do Mondego têm dado um contributo importante ao nosso desenvolvimento. Nós decidimos manter aqui no mercado municipal, o mercado do produtor, os pequenos produtores têm aqui sítio de acolhimento”.

Amor a Coimbra

O também líder da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) prefere não antecipar cenários sobre o impacto de uma derrota no domingo. “Uma coisa de cada vez, o congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses vai decorrer em dezembro, agora são as eleições que estão em causa, eu aprecio a atenção redobrada que têm sobre Coimbra, é uma boa oportunidade de olhar para Coimbra e vê-la”, conclui, ressalvando porque motivo se recandidata. “Porque amo Coimbra, tenho um ideal para Coimbra, tenho energia, é preciso empreender obras importantes para a cidade”, refere Manuel Machado.

Recorrendo também à palavra amor, o cabeça de lista da coligação “Juntos Somos Coimbra”, José Manuel Silva, resume o que acredita ser o significado destas eleições autárquicas para Coimbra. “Ao conseguirmos congregar sete partidos políticos e um movimento independente traduz a capacidade de diálogo de todos as partes e o amor à cidade de Coimbra, o corresponder ao que as pessoas nos pedem, que querem mudança. Se a oposição democrática fosse desunida, estaríamos a garantir mais quatro anos iguais de declínio. Apenas dois projetos podem ganhar as eleições, um projeto de continuidade que já toda a gente conhece e o único projeto alternativo que pode ganhar as eleições e melhorar o concelho”, defende.

Também com vontade de melhorar o concelho estão ainda os candidatos Filipe Reis do PAN, Francisco Queirós da CDU, Inês Tafula, cabeça de lista da coligação “Coimbra é Capital”, composta pelo Partido Democrático Republicano (PDR) e pelo MPT Partido da Terra, Jorge Gouveia Monteiro do movimento “Cidadãos por Coimbra”, Miguel Ângelo Marques, o candidato do Chega e Tiago Meireles Ribeiro da Iniciativa Liberal (IL).

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