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Autárquicas 2021

Da entrevista à Renascença ao “tatatatata”. As linhas vermelhas de Rio para o futuro

20 set, 2021 - 20:57 • André Rodrigues com Lusa

Rui Rio faz depender uma recandidatura à liderança do PSD de um resultado autárquico melhor do que o de 2017. Mas não se for pouco melhor. Mas o caso do dia foi, ainda, a polémica gerada pela promessa de António Costa de dar uma "liçao exemplar" à Galp pela forma como encerrou a refinaria de Matosinhos. Para que não restassem dúvidas sobre o que quis transmitir, Rio disse que Costa deixou de ser uma bazuca para passar a ser uma metralhadora que dispara de rajada. E fê-lo de forma... explícita.

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Rui Rio colocou o seu futuro como líder do PSD nas mãos do eleitorado. O mesmo é dizer no resultado que o partido alcançar no próximo domingo.

Entrevistado esta segunda-feira pela Renascença, o presidente do PSD garantiu que não se demite, seja qual for o resultado, mas se a votação for a mesma ou ficar abaixo de 2017, Rio admite não se recandidatar.

"Só tenho uma meta na minha cabeça naquilo que me possa fazer não ficar: é fazer igual ou pior, ou muito pouquinho melhor", disse o líder social-democrata.

“Se houver uma descida ou ficar igual é mau”, rematou Rio.

Mas o assunto do dia foi, ainda, a promessa de António Costa de dar uma “lição exemplar” à Galp pelo que disse ser a insensibilidade revelada pela empresa no processo que culminou com o encerramento da refinaria de Matosinhos que lançou no desemprego 500 trabalhadores diretos e cerca de mil indiretos.

Rui Rio. “Não está em causa demitir-me. Está em causa recandidatar-me ou não”
Rui Rio. “Não está em causa demitir-me. Está em causa recandidatar-me ou não”

Rio aproveitou a deixa para, precisamente numa ação de campanha em Matosinhos, dizer que este foi o episódio em que Costa, líder do PS, desmentiu “formalmente” Costa primeiro-ministro que, em maio, apontou o fecho da refinaria de Matosinhos como “um exemplo dos desafios que se colocam no domínio ambiental e que exigem um pilar social forte na Europa para a criação de oportunidades de emprego”.

“O PS tem consciência de que as eleições autárquicas lhe podem correr mal, quando um homem experiente como o dr. António Costa mente desta forma tão descarada no mesmo sítio no mesmo espaço de quatro meses”, acrescentou Rio.

Bazuca ou metralhadora?

Certo é que, da esquerda à direita, o coro de críticas foi sempre a subir.

Antes desta ação de campanha em Matosinhos, Rio apelidou o primeiro-ministro e líder socialista de “metralhadora”.

A frase parecia engatilhada desde que começaram a surgir as acusações de Costa está a usar a ‘bazuca’ europeia para fazer campanha.

Para o líder social-democrata, Costa já não é uma bazuca que dispara “tiro a tiro”, mas uma metralhadora. Fazendo uso de dotes onomatopaicos, Rio levou o exemplo ao limite da demonstração para que não restassem dúvidas.

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“Não é uma G3, é uma HK21. Eu aprendi na tropa e disparei com a HK21, é que a HK21 tem uma fita, e aquilo carrega-se, tem dois pés à frente, e aquilo dispara que nunca mais para, tatatatatatata”.

Mais à esquerda, a coordenadora do BE, Catarina Martins, criticou o que disse ser o “exercício de cinismo” de António Costa em relação à Galp, considerando que o primeiro-ministro “não pode estar chocado” depois de nada ter feito para impedir os despedimentos.

E Jerónimo de Sousa, do PCP, acusou o primeiro-ministro de estar agora a “carpir mágoas” pelos trabalhadores da refinaria da Galp em Matosinhos, quando a “passividade e cooperação” do Governo permitiram que o despedimento coletivo acontecesse.

“Bem pode o primeiro-ministro vir carpir mágoas sobre os trabalhadores, como ainda ontem se viu, ao acusar a Galp de falta de consciência social a propósito dos despedimentos. Como se o capital monopolista, como se as grandes empresas, tivessem coração em vez de um cifrão”, sustentou o secretário-geral comunista, durante um contacto com a população de Odemira, no distrito de Beja.

Já o líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, em campanha pela Madeira, aconselhou Costa a não ser um “papão dos empresários”, criticando a postura que assumiu sobre a Galp, quando deu o encerramento da refinaria de Matosinhos como exemplo de aposta nos desafios ambientais.

Em declarações à Lusa em Braga, o presidente da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim Figueiredo, criticou o "radicalismo" das declarações de António Costa sobre a Galp, sublinhando que um responsável político “não pode ameaçar uma empresa”, seja ela pública ou privada.

Já André Ventura, presidente do Chega disse, em Santarém, que as declarações do primeiro-ministro e líder socialista sobre o comportamento da Galp em Matosinhos são de “uma grande hipocrisia”.

E, como ao sétimo dia, o tema do PRR continua a dominar a campanha eleitoral, Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, fez a ponte entre os milhões da ‘bazuca’ e o encerramento da refinaria da Galp em Matosinhos que, segundo defende, deve salvaguardar as questões laborais e ambientais.

“O PRR não pode servir de bandeira eleitoral”, avisou Inês Sousa Real.

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