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Análise

Congresso do PS - A Batalha chega à Arena

28 ago, 2021 - 08:16 • Eunice Lourenço

Congresso do PS decorre este fim de semana em Portimão com quatro eventuais sucessores de Costa em destaque e regionalização na agenda.

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Quando, há três anos, António Costa, foi ao microfone do congresso da Batalha avisar que ainda não tinha metido os papeis para a reforma, colocou travão uma corrida pela sua sucessão que parecia avançar rapidamente, sobretudo pela pressa com que Pedro Nuno Santos parecia ter.

Passados três anos, numa entrevista ao Expresso, em que disse que ainda é cedo para dizer se volta a ser candidato a secretário-geral em 2023, António Costa como que dispara um tiro de partida para que essa corrida volte a arrancar.

Quando Carlos César, presidente do PS, decide colocar os quatro nomes que vão à frente nessa corrida na ‘montra’ do congresso que decorre este fim de semana no Portimão Arena, como que autoriza a corrida, certifica os atletas e fica assumido para todo o partido que são aqueles quatro o futuro: Pedro Nuno Santos, Fernando Medina, Ana Catarina Mendes e Mariana Vieira da Silva. Ainda há um ano eram só dois e Carlos César avisava que tinham de esperar sentados. Agora, continuará a pensar o mesmo, mas decidiu onde se deviam sentar.

Quando falarem no congresso, seja no palco ou fora dele, qualquer deles estará a ser avaliado desse ponto de vista de eventuais sucessores de um líder. E, assim, podem tornar-se (ou não) o foco mediático de um congresso que não precisava de ser feito, a não ser para cumprir estatutos e calendário.

Este 23º congresso do PS esteve marcado para há mais de um ano, foi adiado pela pandemia, foi remarcado para julho deste ano, novamente adiado para este fim-de-semana, primeiro para se realizar num sistema misto, com os congressistas espalhados por mais de uma dezena de locais, por fim, com algum alívio da pandemia e das restrições, foi definido o formato presencial ainda que com algumas participações à distância.

Com a campanha eleitoral autárquica já em curso, o congresso pode servir para mobilizar o PS, mas não seria necessário para isso. Deve servir para debater a regionalização, um dos temas da moção do líder escrita por Mariana Vieira da Silva, mas esse é um debate politicamente pouco conveniente neste momento. Poderia servir para debater o futuro do país e a estratégia para o Plano de Recuperação e Resiliência, mas não é para isso que os congressos servem. Podia servir para debater as relações à esquerda e à direita, mas com a esquerda discute-se o Orçamento e com a direita o tempo é de combate eleitoral.

Com a estratégia de Costa e César – que parecem uns manobradores de marionetas a promover e assistir a uma brincadeira de quatro miúdos – este congresso ameaça tornar-se num concurso de talentos e popularidade e numa demonstração de como o PS não tem problemas de liderança, nem de sucessão. Enquanto ali quase ao lado, em Faro, o presidente do PSD, numa convenção autárquica inventada há menos de duas semanas, tentará mostrar que ainda é líder de um partido que já está a desejar o próximo e tem muitas saudades do anterior.


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