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Deputada propõe grupo de trabalho para o “crescente conflito entre gaivotas e humanos”

17 dez, 2020 - 16:48 • Redação

Cristina Rodrigues apresentou um projeto de resolução onde apela a que sejam encontradas soluções éticas para resolver os problemas provocados pelo "boom" populacional de gaivotas em alguns locais do país.

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A deputada Cristina Rodrigues defende a criação de um grupo de trabalho para dar resposta ao “crescente conflito entre gaivotas e humanos”.

A proposta pretende ser um primeiro passo para estudar e lidar, de forma ética, com a questão do aumento de população de algumas espécies de gaivotas, refere Cristina Rodrigues num projeto de resolução entregue na Assembleia da República.

A deputada não inscrita, que já representou o PAN, considera que é preciso identificar os locais com maiores populações de gaivotas e “limitar a disponibilidade alimentar de origem antropogénica”, derivados de atividades humanas, como a pesca ou aterros sanitários.

O grupo de trabalho deve reunir entidades públicas e organizações da sociedade civil, nomeadamente o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, a Agência Portuguesa do Ambiente, a Direcção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, a Associação Nacional de Municípios Portugueses, a SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves e a DOCAPESCA – Portos e Lotas.

No projeto de resolução, Cristina Rodrigues refere que “a crescente ocupação humana dos espaços naturais tem vindo a criar algumas situações de conflito entre os humanos e os animais, usualmente com perdas para estes últimos”.

“São inúmeras as espécies que têm sofrido decréscimos populacionais devido a interações negativas, por perda de espaço para nidificarem, se alimentarem e descansarem. No entanto, algumas espécies têm conseguido adaptar-se aos espaços urbanos, podendo, contudo, esta adaptação resultar em situações de conflito”, sublinha.


A missão do grupo de trabalho será avaliar a situação a nível nacional e determinar o tamanho e distribuição da população nidificante de gaivota-de-patas-amarelas, identificar quais as áreas geográficas de maior conflito, monitorizar os parâmetros reprodutores, comportamentais e de alimentação, identificar as principais fontes de alimento de origem antropogénica utilizada e identificar as medidas de gestão a implementar nas estruturas mais críticas, de forma a reduzir este conflito, bem como o respetivo calendário para a sua implementação.

O Conselho Metropolitano do Porto aprovou, no ano passado, um protocolo de cooperação e comparticipação financeira com cinco dos 17 municípios da Área Metropolitana para a elaboração de um plano de ação para controlo das gaivotas.

O presidente da Área Metropolitana do Porto e presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, disse, na altura, que as gaivotas "já são um problema de saúde pública".

Em 2018, o presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISUP), Henrique Barros, admitia que as gaivotas são um problema de saúde pública e sugere à população que deixe de dar alimento àquelas aves.

As “aves não são infelizes”, nem precisam que “se dê de comer à mão”, considerou Henrique Barros, defendendo a necessidade de uma maior prevenção junto à população para que coloque o lixo urbano nos locais convenientes.

Um estudo científico revelou que as gaivotas que habitam no Porto tanto se alimentam de queques e carne na Baixa da cidade, como comem peixe ao longo do rio Douro até Pinhão (Vila Real) e vão à lota de Matosinhos.

Segundo a Sociedade Portuguesa de Estudos das Aves (SPEA), o aumento de ataques de gaivotas no Porto pode explicar-se com o crescente número de restaurantes perto do rio Douro, uma consequência da elevada procura turística naquela área.

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