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Marisa Matias acusa Marcelo de não proteger Constituição face a "Governo dependente do Chega" nos Açores

10 nov, 2020 - 18:18 • Lusa

Na perspetiva da candidata bloquista à Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto chefe de Estado, “tem a obrigação de proteger a Constituição” e “em relação aos Açores não está a fazê-lo”.

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A candidata presidencial apoiada pelo BE, Marisa Matias, acusou esta terça-feira o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de desproteger a Constituição por não ver “como um problema a posse de um Governo dependente do Chega” nos Açores.

Numa publicação na sua página oficial na rede social Twitter, a também eurodeputada do BE Marisa Matias refere que “o Representante da República nos Açores decidiu chamar PSD, CDS e PPM a formar governo, por ter recebido o acordo entre PSD e Chega”.

“O Representante da República é nomeado pelo Presidente da República e responde-lhe diretamente. Regista-se que o Presidente da República [Marcelo Rebelo de Sousa] não vê como um problema a posse de um governo dependente do Chega”, condenou.

Na perspetiva da candidata bloquista, Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto chefe de Estado, “tem a obrigação de proteger a Constituição” e “em relação aos Açores não está a fazê-lo”.

Questionada pela agência Lusa sobre o que deveria ter feito o Presidente da República, fonte da candidatura defendeu que Marcelo Rebelo de Sousa “deveria ter-se empenhado numa solução política para os Açores que não coloca os destinos desta região na dependência de um partido de extrema-direita, cujos valores afrontam abertamente a Constituição da República Portuguesa”.

“Note-se que a indigitação de uma solução política que depende da extrema-direita foi feita pelo Representante da República, sem que tenha tido a oposição do Presidente da República (a quem este responde diretamente) e sem que ao Parlamento Regional tenha sido conferida a possibilidade de debater o programa do partido mais votado ou a constituição de alguma outra maioria parlamentar”, referiu a mesma fonte.

Por isso, considerou a mesma fonte da candidatura de Marisa Matias, em vez de proteger os princípios constitucionais, “o Presidente da República e o seu Representante nos Açores dão cobertura a uma solução que depende de quem não reconhece os princípios da igualdade, da democracia ou o direito a um Estado Social, cujos instrumentos estão previstos precisamente na Constituição da República Portuguesa”.

Depois do acordo com o Chega nos Açores, o PSD tem sido alvo de muitas críticas quer do PS e quer do BE.

Pelo BE, logo na sexta-feira, o líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, criticou o PSD por “ceder à extrema-direita” nos Açores e normalizar partidos que querem destruir a democracia, considerando que o acordo com o Chega “pensa muito mais no curto prazo e muito menos em princípios”.

No dia seguinte foi a vez do secretário-geral do PS, António Costa, ter considerado que o PSD "ultrapassou a linha vermelha" ao ter um acordo com o Chega para a viabilização de um Governo nos Açores e defendeu que Rui Rio deve explicações ao país.

Foi pelo Twitter que Rio a parte das críticas de António Costa via Twitter, insistindo que o Chega não irá integrar o Governo Regional dos Açores e voltando a acusar os socialistas de mentir.

Entretanto, a Comissão Permanente do PSD defendeu, segunda de manhã, que as propostas do Chega para viabilizar o novo Governo Regional do Açores “em nada ferem a matriz social-democrata” e insistiu que não existe qualquer acordo nacional com este ou outros partidos.

No final do mesmo dia, o presidente do PSD, Rui Rio, concordou com os quatro objetivos do Chega para viabilizar o governo regional, considerando que aquele partido "se moderou" nos Açores, e acusou PS e BE de andarem de "cabeça perdida".

Já esta manhã, a líder do BE, Catarina Martins, acusou o PSD de uma "contradição gigantesca" já que Rui Rio disse que não faria um "acordo com um partido xenófobo e racista" e agora fê-lo naquela região autónoma.

O líder do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro, foi sábado indigitado presidente do Governo Regional pelo representante da República, Pedro Catarino, na sequência das eleições de 25 de outubro.

O PS venceu as eleições legislativas regionais, mas perdeu a maioria absoluta, que detinha há 20 anos, elegendo 25 deputados.

O PSD foi a segunda força política mais votada, com 21 deputados, seguindo-se o CDS-PP, com três. Chega, BE e PPM elegeram dois deputados e Iniciativa Liberal (IL) e PAN um cada.

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  • Asdrubal
    10 nov, 2020 Casével 21:20
    É com cada artolas neste burgo !!! Primeiro - democracia é respeitar os outros, a diferença, concordando-se ou não mas respeitando as decisões da maioria. Como é que uma personagem destas pode ser candidata a PR se não sabe sequer o que é a democracia ? Pelo argumento da artista o PR é culpado por dar posse no contenente a um governo dependente da extrema esquerda. Faz algum sentido ? Então, se não faz qualquer sentido porque publicam pérolas de alimárias ...
  • Felisberto Ramos
    10 nov, 2020 Porto 19:31
    Votos - Açores - BE 3.962; CHEGA 5.260
  • João Lopes
    10 nov, 2020 Viseu 19:08
    Nas próximas eleições os comunistas do Bloco Esquerda irão ficar sem deputados na Assembleia da República, porque vão ter votos só dos “familiares" e amigos da extrema - esquerda comunista portuguesa. Marisa vai ter muito menos votos do que o André Ventura nas eleições presidenciais. O BE foi um grande bluff de meninos-bem que se dizem da extrema esquerda-caviar- comunista e que têm como líderes e admiradores os ditadores da China comunista, Coreia do Norte, Venezuela, Cuba, etc.
  • Cidadao
    10 nov, 2020 Lisboa 18:31
    Vocês lá pelo Bloco, estão a ver se caem outra vez nas boas graças do Costa e do PS depois de terem votado contra o orçamento dele, ou simplesmente estão "esquecidos" que em 2015 fizeram a mesmíssima coisa, governando 4 anos em coligação depois de terem perdido Eleições?

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