Tempo
|
A+ / A-

Açores

BE acusa PSD de “ceder à extrema-direita” e pensar menos em princípios

06 nov, 2020 - 18:15 • Lusa

Pedro Filipe Soares lamenta a “normalização para a democracia dos partidos que a querem destruir”.

A+ / A-

O Bloco de Esquerda criticou esta sexta-feira o PSD por “ceder à extrema-direita” nos Açores e normalizar partidos que querem destruir a democracia, considerando que o acordo com o Chega “pensa muito mais no curto prazo e muito menos em princípios”.

O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, reagiu esta sexta-feira, nos Passos Perdidos do parlamento, em Lisboa, ao anúncio feito pelo Chega esta manhã de que “vai viabilizar o governo de direita nos Açores”, após ter chegado a um acordo com o PSD em “vários assuntos fundamentais” para a Região Autónoma e para o país.

“A construção de um governo regional feita em cima de uma cedência à extrema-direita é a normalização para a democracia exatamente dos partidos que a querem destruir”, criticou.

Na perspetiva de Pedro Filipe Soares, o PSD, “ao destruir a barreira entre os democratas e os partidos que atacam a democracia, está, na prática, a construir um futuro perigoso para o país”.

“Nós acreditamos que o poder não se alcança de qualquer modo e por isso a escolha do PSD será uma escolha daqueles que, ao destruir essa barreira, entre os democratas e aqueles que atacam a democracia, pensa muito mais no curto prazo, muito menos em princípios e deixa para trás o país”, condenou.

O líder parlamentar e dirigente bloquista recorreu ao exemplo dos Estados Unidos, onde o presidente “Donald Trump ataca um dos fundamentos da democracia que é o direito ao voto”.

“O PSD, ao dar o passo que está a dar, em ceder à extrema-direita, está a repetir os mesmos erros que pela Europa fora outros partidos também cometeram e que foram o início do seu fim”, comparou.

De acordo com um comunicado do Chega, divulgado esta manhã, o futuro Governo regional açoriano “comprometeu-se a alcançar as metas de redução significativa de subsidiodependência na região e de criação de um gabinete regional de luta contra a corrupção”.

Por outro lado, este futuro executivo comprometeu-se, segundo o partido liderado por André Ventura, a “desencadear, nos termos das suas competências próprias, um projeto de revisão constitucional regional que inclua, entre outros aspetos, a redução do número de deputados na região autónoma dos Açores”.

Já quanto à exigência que tinha sido feita pelo partido de que o PSD nacional participasse no processo de revisão constitucional iniciado pelo Chega, o partido liderado por André Ventura diz ter obtido garantias para o futuro.

“Neste sentido, o Chega informará hoje o sr. Representante da República na Região Autónoma dos Açores de que se encontra indisponível para viabilizar um governo socialista na Região e, através dos seus deputados eleitos, votará favoravelmente ao governo liderado por José Manuel Bolieiro”, refere o comunicado.

O representante da República para a Região Autónoma dos Açores, Pedro Catarino, começa hoje a ouvir os partidos que elegeram deputados à Assembleia Legislativa açoriana, tendo em vista a indigitação do futuro presidente do Governo Regional.

O PS elegeu 25 deputados e perdeu a maioria absoluta que detinha há 20 anos na região e esta semana PSD, CDS-PP e PPM anunciaram uma "proposta de governação profundamente autonómica", um "governo dos Açores para os Açores" e com "total respeito e compreensão pela pluralidade representativa do povo".

PSD, CDS-PP e PPM somam 26 deputados, juntando-se agora o apoio dos dois do Chega, faltando um voto para garantir a maioria absoluta de 29 parlamentares.

A lei indica que o representante da República no arquipélago nomeará o novo presidente do Governo Regional "ouvidos os partidos políticos" representados no novo parlamento açoriano.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Anónimo
    06 nov, 2020 Lisboa 20:01
    Há alguma diferença entre direita e extrema-direita? Tudo escumalha!

Destaques V+