Tempo
|
A+ / A-

À terceira foi de vez. Ventura consegue fazer eleger lista para direção do Chega e deixa recados internos

20 set, 2020 - 20:39 • Susana Madureira Martins

Na terceira ronda de votações, com a mesma lista da votação anterior, Ventura conseguiu ganhar e avisou o partido que vai ser preciso mais do que jogos de bastidores para o derrubar como líder.

A+ / A-

À terceira foi de vez. André Ventura conseguiu fazer eleger na convenção do Chega em Évora a lista da direção nacional que apresentou por três vezes. Duas vezes foi chumbada pelos delegados e só na última hora foi possível dar por terminada a convenção.

247 delegados votaram a favor, 25 votaram contra, numa sala que ao longo da tarde se foi esvaziando.

Após a votação, Ventura falou para dentro do partido avisando que vai ser preciso mais do que jogos de bastidores para o derrubar como líder.

"Somos feitos de uma incrível massa de resistência e sabemos que o nosso caminho é o certo, que as nossas convicções são profundas e a nossa fé inabalável. Vai ser preciso bem mais do que uma tenda, do que algumas bandeiras e alguns votos para me derrubar. Vai ser preciso bem mais do que alguns jogos de bastidores para me derrubar", afirmou o líder do Chega.

De forma a assegurar isso mesmo, Ventura garantiu que vai proceder a mudanças, para garantir que o poder do partido fica mesmo entregue aos militantes.

“Apresentámos um programa para Portugal, lutámos por ele. Estávamos prestes a perder esse caminho que tínhamos feito. Não podemos nem deixaremos que volte a acontecer”, disse Ventura, deixando uma promessa: “vamos fazer mudanças para que o poder no Chega nunca seja retirado aos militantes”.

Duas votações falhadas e uma ameaça de demissão

Depois de, na primeira votação, a lista não ter sido aprovada, já que não conseguiu a maioria dos votos (teve 183 votos a favor e 193 contra), Ventura apresentou aos militantes uma lista muito semelhante, com apenas um nome a mais, Rui Paulo Sousa.

Desta vez, 219 votaram a favor e 121 votaram contra. Ainda assim, de acordo com os estatutos do Chega, a lista proposta pelo líder precisava de obter dois terços dos votos.

Depois da votação, André Ventura dirigiu-se aos delegados. Esteve perto de pedir a demissão – mas recuou, após as reações efusivas da plateia, que gritou "Não!".

"Ventura vai em frente, tens aqui a tua gente", ouviu-se na tenda que alberga o evento.

Aparentemente emocionado, abraçou o presidente da mesa da convenção e anunciou a interrupção dos trabalhos para constituir uma terceira lista.

A terceira lista, entretanto apresentada, era igual à anterior. O presidente da mesa da convenção disse mesmo aos delegados que “André Ventura não verga, nós que o conhecemos já sabemos”.

Luís Graça acrescentou, ironizando: “já marquei alojamento para a próxima semana”.

Os delegados regressaram então às votações, ao som de "Lovely Day", de Bill Withers.

A assistir aos avanços e recuos no processo de votação estiveram dois representantes da Casa Civil do Presidente da República: Rita Magalhães Colaço, secretária do Conselho de Estado, e o assessor político Nuno Sampaio.

Fora do recinto, Ventura cruzou-se com Nuno Sampaio, da Casa Civil. Depois de o cumprimentar, disse: “peço desculpa pelo que está a assistir”.

A representar o CDS-PP esteve Pedro Pestana Bastos.

Está assim terminada a convenção do Chega, em Évora, que mostrou um partido com profundas divergências internas que ficaram patentes nas três votações necessárias para eleger a direção nacional de Ventura, que promete dar sempre o partido aos militantes.
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Filipe
    23 set, 2020 Guarda 07:45
    Se necessário fosse estavam lá até ao Natal. O chefe manda, o chefe faz beicinho, as ovelhas aprovam. Umas "moções" dignas dos Kmer vermelhos. Um bocadinho de circo para abrirem os telejornais. Beijinhos da Le Pen. Uma tareia nas Presidenciais. Espero que te demitas Andrezinho!!!!
  • tomás vilas
    22 set, 2020 Évora 21:09
    Não é medo do Chega, é nojo mesmo!
  • Atento
    21 set, 2020 Leça da Palmeira, Matosinhos 20:56
    Os comentários da "esquerdalha" revelam bem o medo que têm do Ventura ... força Chega ...
  • 21 set, 2020 11:00
    Se os TEUS não te querem, queres que NÓS te levemos a uma segunda volta nas Presidenciais? Esse discurso diz TUDO. És um AUTENTICO DITADOR. Há uma música, ANTIGA, que deves ouvir, " A MIM NÃO ME ENGANAS TU " e depois repetes, está bem.
  • Rui Pedro
    21 set, 2020 Lisboa 11:00
    E se fosse preciso estavam lá até a vontade do Ventura ser feita, seja à terceira ou à centésima vez, chora Ventura, chora...
  • Joaquina
    21 set, 2020 Reboleira 06:47
    Até houve birrinha do André. Está habituado a resultados norte-coreanos, depois dá nisto. Choradeira!

Destaques V+