17 set, 2020 - 16:33 • Henrique Cunha
"A questão que era pessoal para António Costa afinal é política para Luís Filipe Vieira." É desta forma que o presidente da associação cívica Transparência e Integridade reage ao facto de ter sido o presidente do Benfica a decidir, esta quinta-feira, afastar o primeiro-ministro e outros titulares de cargos públicos da sua comissão de honra.
Em causa está a recandidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica. "Fica mal ao primeiro-ministro" ser Vieira a dar este passo, defende João Paulo Batalha em entrevista à Renascença.
António Costa sempre remeteu a questão do apoio ao presidente do clube encarnado para a esfera pessoal, mas na opinião de João Paulo Batalha, a decisão de Vieira prova que "eventualmente a questão era política desde o início".
Para o presidente da Transparência e Integridade, "continua a faltar aqui uma explicação do primeiro-ministro sobre se está satisfeito com esta decisão, se continua a ser uma questão pessoal, ou se é uma questão política como parece ser para o presidente do Benfica".
Benfica
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"Não é à toa que Luís Filipe Vieira convida responsáveis políticos para estas comissões de honra e responsáveis políticos com quem há interesse do Benfica em manter boas relações, nomeadamente os presidentes das câmaras onde o Benfica tem o estádio, a academia, etc", refere João Paulo Batalha.
Fernando Medina, o atual autarca de Lisboa, também foi dispensado da comissão de honra do presidente do Benfica esta tarde.
"Estamos perante uma questão política. Estas comissões de honra são, na verdade, listas de lobistas em favor do clube e, portanto, interessa ao clube ter lobistas com várias redes de contactos e capacidade de influência e vai recrutá-los aos vários partidos", acusa o presidente da Transparência e Integridade, assegurando que "isto aconteve no Benfica como acontece nos outros clubes, na proporção da capacidade tentacular de cada um".
Politicamente, adianta, "todos os responsáveis partidários sabem que estas questões são transversais e portanto era difícil fazerem-se de surpreendidos ou ofendidos. Isto mostra que nós temos um problema estrutural, sistémico, de promiscuidade entre o futebol e a política com vários clubes", conclui.