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Marisa Matias volta a liderar lista do Bloco às europeias

10 nov, 2018 - 12:28 • ​Eunice Lourenço e Susana Madureira Martins

Na convenção do BE, Catarina Martins lançou o nome de Marisa Matias e assumiu erro no caso Robles.

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Marisa Matias, atual eurodeputada do Bloco de Esquerda e candidata presidencial em 2016, vai voltar a liderar a lista do partido nas eleições europeias de 2019. O anúncio foi feito pela líder bloquista, Catarina Martins, no discurso de abertura da XI Convenção do Bloco, que decorre este fim-de-semana em Lisboa.

O discurso inicial de Catarina Martins foi dedicado, sobretudo, a prestar contas dos últimos anos, com a coordenadora do Bloco a lembrar ainda a governação de PSD-CDS que acusou de “desgraçar” o país.

“Chegaram a ser empurradas 370 pessoas por dia para fora do país. Os pais iam despedir-se dos filhos ao aeroporto, as suas pensões foram cortadas, os salários foram reduzidos, as empresas foram vendidas, o país esvaziou-se de esperança”, disse Catarina Martins, lembrando em concreto algumas medidas e nomeando Assunção Cristas e Maria Luís Albuquerque.

“Eles andam todos por aí e é bom que saibam que não nos esquecemos do que fizeram”, avisou a líder do Bloco para, a seguir, se virar para o PS que acusou de se preparar para continuar a austeridade e cortar pensões se tivesse tido maioria absoluta. Por isso, continuou, foi essencial a atuação do Bloco para garantir a reposição de rendimentos em vez de mais cortes.

“Morreu o voto útil, renasceu a possibilidade de o povo impor respeito”, afirmou Catarina Martins, avisando que é preciso continuar alerta porque o PS está sempre pronto a dar “cambalhotas” como aconteceu nas rendas da energia, ou a virar à direita, como aconteceu na legislação laboral.

Robles: um erro assumido

No seu discurso de abertura da Convenção, Catarina Martins também quis deixar arrumado o assunto que mais incomodou o Bloco de Esquerda nos últimos tempos: o caso Robles, o vereador do Bloco de Esquerda na Câmara de Lisboa, que fazia discursos contra a especulação imobiliária, mas tinha um prédio à venda por 5 milhões de euros.

A líder do Bloco assumiu que no Bloco também há “erros”, como o que levou à demissão de Ricardo Robles.

“Mas ficam a saber como é que no Bloco corrigimos os erros: o Bloco não abriu parêntesis nem mudou de assunto. Ninguém viu este Bloco calado, nem por um dia, sobre o problema da habitação nas grandes cidades”, afirmou Catarina Martins, prometendo continuar a luta “contra a especulação, contra os fundos imobiliários, pela construção de habitação social, pela limitação da habitação turística de curto prazo, pelo acesso a aluguer de longa duração, pela defesa dos idosos e de todos quantos são ameaçados de despejo pela lei Cristas e pela instalação de jovens na cidade”.

Três desafios

Num discurso que foi mais de prestar contas do que de afirmar uma estratégia, Catarina Martins ainda assim definiu três desafios: mudar a legislação laborar para “aprovar uma lei que protege os contratos, que impede a precariedade e que qualifica o trabalho; acabar com as taxas sobre as rendas da energia; e acabar com os atrasos numa nova lei de bases da saúde e no investimento no transportes públicos.

“Hoje o Bloco tem mais força para defender quem trabalha”, afirmou Catarina Martins, acrescentando: “O acordo que traVou a direita e parou o empobrecimento deu-nos mais força, mais conhecimento, mais instrumentos para tudo o que está por fazer.”

A líder do Bloco disse mesmo que o seu partido “tem gente capaz,que sabe mais do que tantos ministros” e que, por isso, está mais preparado para tratar “problemas da vida” como a precariedade.

“Enganou-se quem anunciou um Bloco rendido à conveniências do poder. Como sempre, corremos por dentro, porque representamos o povo no parlamento e nas instituições, e por fora porque é do movimento social e da luta popular que brota a nossa força. Não mudamos de política, estamos a mudar a política”, proclamou a coordenadora do Bloco.

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