12 set, 2018 - 18:03 • Susana Madureira Martins, em Estrasburgo
O Bloco de Esquerda distancia-se do PCP no Parlamento Europeu. Os bloquistas votaram a favor do relatório que ativa as sanções contra o Governo da Hungria por atentado ao Estado de direito, que recebeu o voto contra dos comunistas.
No entanto, a eurodeputada do BE Marisa Matias não gostou de ouvir acusações do CDS de que a extrema-direita e a extrema-esquerda se tocam nalgumas matérias.
Num encontro conjunto dos eurodeputados portugueses com os jornalistas, o comunista João Ferreira começou por justificar o voto contra o relatório que ativa as sanções à Hungria.
“Não reconhecemos à União Europeia nem a autoridade nem a legitimidade para se arvorar em juiz, árbitro ou mesmo referência no que aos direitos humanos e democracia diz respeito, porque não nos esquecemos de políticas migratórias de cariz xenófobo e racista promovidas pela própria UE. Nesse aspeto há um consenso com o Governo de Orban”, acusa João Ferreira.
Em jeito de provocação, o eurodeputado do CDS Nuno Melo concluiu que a estatística prova que o PCP e a extrema-direita votam muitas vezes lado a lado no Parlamento Europeu.
Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, optou por defender a designada extrema-esquerda, mas não deu a mão aos comunistas.
“Haja paciência. Se queremos fazer a prova da estatística, há que fazê-la. Agora, não venham tentar vender, sistematicamente, que a extrema-direita está a crescer porque a esquerda vota muitas vezes como a direita. É um grupo de 51 eurodeputados em 751 que determina a orientação?”, argumenta a eurodeputada bloquista.
Marisa Matias conclui que esta colagem da extrema-direita à esquerda só provoca medo nos cidadãos, um medo que potencia uma reconfiguração do Parlamento Europeu nas eleições do próximo ano, para pior, adverte a eurodeputada do BE.