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Rui Rio insiste na defesa de Feliciano Barreiras Duarte

04 abr, 2018 - 00:22 • Paula Caeiro Varela e Isabel Pacheco

Líder do PSD diz que não faz oposição "para o online" e apresenta três temas prioritários para combater o PS.

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O líder do PSD voltou, esta terça-feira à noite, no Porto, a defender o seu ex-secretário -geral, Feliciano Barreiras Duarte, que se demitiu por causa de suspeitas de ter incrementado o seu currículo académico com a frequência de um doutoramento na universidade de Berkeley, nos Estados Unidos.

Segundo relatos feitos à Renascença por fontes presentes no Conselho Nacional do PSD, Rui Rio fez a sua primeira intervenção neste órgão repetindo o argumento de que houve um excesso de reação - "uma desproporção mediática" -, justificando o facto de ter demorado cerca de uma semana a resolver a questão com o argumento de que agiu de acordo com os seus valores e princípios, sacrificando a sua própria popularidade.

Feliciano Barreiras Duarte acabou por demitir-se cerca de um mês depois de ter sido eleito no 37.º Congresso Nacional do PSD, na sequência de uma polémica que começou com a notícia publicada pelo semanário Sol sobre a falsificação de dados no currículo do deputado social-democrata.

Na agenda desta primeira reunião do órgão magno entre congressos esteve, precisamente, a eleição do novo secretário-geral do partido, tendo José Silvano - o escolhido por Rui Rio para substituir Duarte - sido bem recebido na sua intervenção aos conselheiros nacionais. Silvano foi eleito com 78% dos votos.

Várias fontes, alguns apoiantes e outros adversários de Rio nas diretas que o elegeram adiantam à Renascença que o líder aposta na credibilidade como o caminho para ganhar eleições. Recorrendo a uma citação muito popular no PSD, velha máxima do fundador Francisco Sá Carneiro, o antigo presidente da Câmara do Porto afirmou que primeiro está o país e só depois o partido, para sublinhar que o PS não faria o mesmo na oposição, mas que é assim que vai fazer política.

Quem o acusa de não estar a fazer o melhor caminho só ajuda o PS, afirmou Rio, numa crítica às muitas críticas internas, mais ou menos veladas, às escolhas que tem feito.

Prioridade a incêndios, SNS e Montepio

Rui Rio não apresentou ainda o Conselho Estratégico Nacional, mas reforça que essa estrutura faz parte da estratégia de combate ao PS. Apesar de considerar que "as eleições não se ganham, perdem-se", o caminho traçado inclui esta espécie de "governo-sombra", que apresentou aos conselheiros nacionais como "orientadores de tese". Os nomes ainda não foram divulgados, apesar de vários terem sido já confirmado por fontes do PSD.

Na estratégia que definiu, Rio sublinha que não trabalha para o "online" e afirma que é preciso tempo para conseguir o objetivo de conquistar a credibilidade dos portugueses. Esse objetivo passa por três fatores essenciais na orientação política do partido: seriedade, combatividade e competência. É preciso expor as fragilidades do governo e, neste momento, a "oposição séria" do PSD deve apostar em três temas: incêndios, serviço nacional de saúde e Montepio.

Elogios de Rangel

A estratégia de Rio foi elogiada por aquele que esteve para ser um dos seus opositores, o eurodeputado Paulo Rangel, que elogiou a abertura do PSD para a discussão de matérias com o Governo, como a descentralização e o próximo quadro comunitário de apoios.

Rangel disse que esta abertura para conversar com os socialistas dará ao PSD mais credibilidade para criticar o Governo quando for caso disso.

A aproximação ao Governo e a abertura defendida por Rui Rio para consensos foi uma das questões mais polémicas na campanha interna do PSD e nestes que têm sido os primeiros tempos da liderança de Rio, eleito a 13 de janeiro e assumindo formalmente a liderança do PSD no congresso de 16, 17 e 18 de fevereiro.

Hugo Soares, o antigo líder parlamentar do PSD, também esteve nesta reunião do Conselho Nacional, mas saiu sem nada dizer.

Já Luís Montenegro, que no Congresso se afirmou como candidato a uma eventual sucessão de Rio, não foi à reunião.

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