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Entrevista

Adriano Moreira. "A crise europeia foi angústia até ao fim" para Soares

07 jan, 2017 - 19:44 • José Bastos

Adriano Moreira destaca a "autenticidade" e a "coerência" do antigo Presidente, cuja acção, após o 25 de Abril, foi "definitiva", a par da de Eanes, para "gozarmos do regime constitucional que temos hoje".

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O antigo líder do CDS Adriano Moreira diz, em declarações à Renascença, que Mário Soares morreu com "angústia" face à crise que a Europa vive.

"A crise europeia, e nós pedimos a adesão sobretudo com a intervenção de Mário Soares, foi motivo de angústia para ele, até ao fim dos seus dias", declarou Adriano Moreira.

"Ele usava uma frase que eu também uso e que diz que a grande crise que a Europa atravessa tem a ver com a substituição do credo dos valores pelo credo do mercado sem regras", sublinhou

Para Adriano Moreira, "faltam estadistas da estatura de Mário Soares para consolidar a União e dar-lhe, finalmente, um conceito estratégico", porque, numa altura de "ameaça para a construção europeia, o problema mais importante que a Europa discute são décimas".

Autêntico

Destacando em Mário Soares a "autenticidade", Adriano Moreira recordou que, "quando se deu o 25 Abril, o país viu-se perante dois caminhos: desenvolver uma linha pró-soviética ou desenvolver uma linha democrática" e que, "se não fosse a intervenção definitiva do general Ramalho Eanes e, no plano civil, a intervenção do doutor Mário Soares, nós não gozaríamos de um regime constitucional como o que temos hoje".

"No plano pessoal, fui sempre amigo dele, somos de idade próxima, e houve sempre um ponto em que encontrei inteira coerência e ligação com ele: foi a defesa do estado social, principalmente na área da Saúde", notou, ainda, o antigo líder do CDS e ministro das Colónias no Estado Novo.

"Esse estado social é uma convergência da doutrina social da Igreja com a doutrina do Partido Socialista. A crise do estado social atravessa foi também uma preocupação para ele, até ao final.

Adriano Moreira destacou, ainda, em Mário Soares, "o amor à família e a homenagem que prestou ao pai, com o museu que tem o nome do pai e que merece ser visitado".

"Ele tinha noção da fragilidade da memória colectiva e lega-nos, também, uma fundação que deve ser considerada património do Estado", rematou.

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