29 nov, 2016 - 11:15
A demissão de António Domingues da Caixa Geral de Depósitos (CGD) é um sinal de ameaça à estabilidade governativa, considera Francisco Assis.
Em declarações à Renascença, no habitual debate das terças e quintas-feiras com João Taborda da Gama, o eurodeputado socialista defende que António Domingues percebeu que não poderia aplicar o plano de recapitalização sem influência do Bloco de Esquerda e PCP.
“O que me parece mais importante, do ponto de vista da análise deste processo, é que nos provavelmente assistimos ao primeiro momento de uma desagregação grave da actual maioria parlamentar”, afirmou Assis, no programa Carla Rocha – Manhã da Renascença.
O socialista afirma que “pelas últimas informações que tem vindo a público, as razões da demissão do doutor António Domingues tem que ver com a sua constatação de que teria perdido as condições para presidir à CGD porque temeria uma interferência permanente de responsáveis políticos na condução dos destinos da Caixa”.
Para Francisco Assis, a demissão “pode significar que ele percebeu que no âmbito do plano de reestruturação da Caixa teria que tomar medidas muito difíceis e susceptíveis de gerarem divergências insanáveis entre os três partidos que compõem a coligação, e por isso essas decisões estariam sempre em crise por quanto um dos dois partidos mais à esquerda, o BE ou o PCP, poderiam a qualquer momento vir a pôr em causa a orientação da própria administração da Caixa”.
Pedro Nuno Santos compreende Bloco
Já o socialista Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, compreende o voto do Bloco ao lado de PSD e CDS, que obrigou os gestores da Caixa a entregar declarações de rendimento e património, mas defende que a obrigação de apresentar esses documentos já estava prevista na lei.
“São dois dossiês diferentes, mas a direita, nomeadamente o PSD e o CDS, quiseram desviar a atenção de um debate orçamental que não lhes estava a correr bem, porque obviamente este é um Orçamento bom para o país”, defende Pedro Nuno Santos.
“O PSD quis desviar as atenções para a Caixa Geral de Depósitos. Na realidade, o PSD nunca se preocupou com a CGD, como aliás vimos nas votações ainda ontem, em que o PSD vota contra a injecção de 2,7 mil milhões de euros na CGD, valor esse que permitira capitalizar a CGD e mantê-la no Estado”, argumenta o governante.