Tempo
|
A+ / A-

Inspirações e promessas de Marcelo no primeiro discurso como Presidente

09 mar, 2016 - 18:27

Citou Torga, Lobo Antunes e um "herói português do Século XIX", Mouzinho de Albuquerque. Prometeu não estar "a favor nem contra ninguém" e ser o "Presidente de todos". Veja as frases mais marcantes do discurso de Marcelo Rebelo de Sousa.

A+ / A-

No seu primeiro discurso como Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa começou por se dirigir às Forças Armadas, usando as palavras de Mouzinho de Albuquerque numa carta dirigida ao príncipe D. Luís Filipe de Bragança. "Este Reino é obra de soldados", afirmou, para lembrar a importância das Forças Armadas na História portuguesa.

Marcelo Rebelo de Sousa puxou ainda de um dos mais importantes poetas portugueses do século XX, Miguel Torga, para descrever a alma portuguesa.

"O difícil para cada português não é sê-lo; é compreender-se. Nunca soubemos olhar-nos a frio no espelho da vida. A paixão tolda-nos a vista. Daí a espécie de obscura inocência com que atuamos na História. A poder e a valer, nem sempre temos consciência do que podemos e valemos. Hipertrofiamos provincianamente as capacidades alheias e minimizamos maceradamente as nossas, sem nos lembrarmos sequer que uma criatura só não presta quando deixou de ser inquieta. E nós somos a própria inquietação encarnada. Foi ela que nos fez transpor todos os limites espaciais e conhecer todas as longitudes humanas…

…Não somos um povo morto, nem sequer esgotado. Temos ainda um grande papel a desempenhar no seio das nações, como a mais ecuménica de todas. O mundo não precisa hoje da nossa insuficiente técnica, nem da nossa precária indústria, nem das nossas escassas matérias-primas. Necessita da nossa cultura e da nossa vocação para o abraçar cordialmente, como se ele fosse o património natural de todos os homens.”

Marcelo afirmou que "Torga viu o essencial" do que é ser português. "Continuamos a minimizar o que valemos. E, no entanto, valemos muito mais do que pensamos ou dizemos", disse o Presidente da República.

Para lembrar a importância do mar e a ligação às ilhas, Marcelo recorreu ao escritor António Lobo Antunes. “Se a minha terra é pequena, eu quero morrer no mar“, citou o Presidente.

Neste discurso inaugural da sua Presidência, Marcelo concluiu afirmando-se o "Presidente de todos sem excepção", "nem a favor nem contra ninguém", garantindo ser essa a linha política que o guiará "do princípio ao fim do seu mandato".

Saiba Mais
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • carlos serio
    10 mar, 2016 oeiras 15:24
    Ao “legitimar” o Parlamento e ao fazê-lo “legitimando” o governo nele aprovado, o governo do PS apoiado pelo BE,PCP e Verdes; Ao aludir ao 25 de Abril fazendo recordar o que a direita neoliberal quer esquecer; Ao vincar o papel fundamental da Constituição e do respeito que ela merece; Ao realçar a luta pela justiça social e pela criação da riqueza que chegue às pessoas criticando deste modo a visão neoliberal da “economia primeiro e depois as pessoas”; Ao referir que o poder económico se deve subordinar ao poder político; Marcelo distanciou-se do PSD de Passos Coelho, rompendo com a visão e com as políticas neoliberais tóxicas do anterior governo. Contradizendo a PàF quanto à legitimidade da governação de António Costa; quanto ao respeito e obediência á Constituição; quanto à visão economicista da economia e ao papel do estado na economia e na distribuição da riqueza. Foi um discurso favorável ao governo e desfavorável a Passos Coelho e Paulo Portas e, neste sentido, refreia os intuitos de instabilidade permanente, de “subversão” que a direita neoliberal se esforça por instalar e manter ao não reconhecer como “legítimo” e desde a sua posse o governo de António Costa. Foi seguramente um discurso de ruptura com o neoliberalismo cego e dogmático cujas políticas foram aplicadas ao extremo pelo último governo PSD/CDS. O discurso de Marcelo Rebelo de Sousa revela por outro lado, uma grande aproximação com a visão social humanista e anti economicista liberal do Papa Francisco. Assim, poderá ser considerado sem qualquer dúvida um discurso verdadeiramente social-democrata.

Destaques V+