03 mar, 2016 - 21:14
O Presidente da República eleito, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que "afectos, proximidade, simplicidade e estabilidade" foram as ideias da campanha que quer que presidam ao exercício do cargo, considerando que todos os seus antecessores serviram positivamente Portugal.
No discurso durante o lançamento do livro "Afetos", do fotógrafo Rui Ochoa e que reúne algumas das fotografias da campanha para as eleições presidenciais, Marcelo Rebelo de Sousa explicou que "afectos, proximidade, simplicidade e estabilidade foram ideias da campanha" e que deseja "que venham a presidir" ao mandato que iniciará na quarta-feira, com a tomada de posse na Assembleia da República.
Admitindo que "muito depende da realidade" para que isso se concretize, o Presidente da República eleito destacou que "o objectivo cimeiro é o serviço dos portugueses".
"Pensando só nos Presidentes em democracia, há que reconhecer que todos eles serviram, de acordo com os seus diversos estilos, de uma forma claramente positiva os portugueses e Portugal", enalteceu.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "muitas vezes acontece que só a história, com a distância, permite um juízo sereno e isento sobre as presidenciais, como aliás a vida política geral", reiterando que todos os seus antecessores "serviram Portugal e os portugueses" e que "esse foi o objectivo da campanha retratada neste livro e é o objectivo da Presidência".
"Agora quando nos encontrarmos, provavelmente depois do dia 9, será comigo a falar de pé e não a falar sentado, com aqueles requintes protocolares que fazem com que se possa dizer, em rigor, que comparado com o protocolo mesmo os actores ou os grupos políticos mais radicais e mais rígidos, são suaves e diplomáticos", ironizou.
O Presidente da República eleito antevê que "é num contexto em que haverá uma luta diária e constante entre o protocolo, a simplicidade e o estilo do Presidente da República" que se vai viver a partir do dia da tomada de posse.
Marcelo recordou uma ideia que defendeu ao longo da campanha de que um país como Portugal "não pode viver sucessivamente em campanhas eleitorais" e que, por isso mesmo, se empenhou na redução da crispação em que o país viveu no período pós-legislativo.
O prefácio do livro de Rui Ochoa é intitulado "Uma campanha diferente", onde Marcelo recorda que tomou uma decisão definitiva sobre a sua candidatura já muito em cima da data das eleições.
O Presidente da República eleito reiterou que o "mais importante é romper com as candidaturas tradicionais na orgânica, no financiamento e na actuação" e "não aceitar apoios financeiros, criadores de dependências futuras, nem ficar preso a estruturas".
"Tomar sempre em consideração que o país queria acalmia, serenidade, desdramatização e precisava delas, que convergiam, de resto, com a feição pessoal e cívica do candidato", recordou ainda.
Segundo Marcelo, "foi o cabo dos trabalhos resistir ao ambiente vivido até Dezembro", uma vez que "os lados conflituantes não aceitavam nem toleravam" a orientação da sua candidatura.
"Todos e mais alguns queriam usar a candidatura como segunda volta das legislativas. E reclamavam por estruturas para influenciar, meios para controlar, equipas para condicionar", confessou.
O Presidente eleito admitiu que "qualquer desvio seria fatal", mas que "não houve desvio" e deixou uma resposta: "Enganaram-se os muitos que pensaram que abertura de espírito e capacidade de diálogo eram iguais a indefinição de princípios ou flutuação de condutas".