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Ex-autarca culpa PS pela derrota na regionalização

30 jan, 2015 - 23:56

Fernando Gomes discursou esta sexta-feira durante uma homenagem no Porto.

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O antigo presidente da Câmara do Porto Fernando Gomes defende que "a tremenda derrota" no referendo nacional da regionalização de 1998 aconteceu porque o PS conduziu de forma errada o processo, considerando-o um momento "triste e baixo".

Fernando Gomes discursou, na Alfândega do Porto, durante uma homenagem organizada pela Federação Distrital do PS/Porto, assinalando os 25 anos da tomada de posse do socialista como líder da autarquia portuense e da região durante quase três mandatos.

"Quando faço a retrospectiva do que se passou, apenas um momento me deixa particularmente triste. Foi quando a direcção nacional do PS entendeu levar por diante, de uma forma tão pouco cuidada - para não dizer coisas piores - o processo de regionalização. E ao aceitar o referendo nacional, tivemos aquela tremenda derrota. Tremenda derrota do país e tremenda derrota no Norte", sustentou.

Na opinião de Fernando Gomes, a derrota "não aconteceu por acaso", mas porque "o PS, ao seu mais alto nível" - então liderado por António Guterres -, "conduziu de forma errada todo o processo".

"E foi, neste período de 12 anos, provavelmente o momento mais triste, o momento mais baixo para o PS, o momento de tristeza para o Norte que nós tanto tínhamos reivindicado como bastião para o avanço da regionalização. Até no Norte nós acabamos por perder este processo", lamentou.

O ex-presidente da Câmara do Porto aproveitou o momento para agradecer a todos aqueles que o ajudaram "a ser hoje o protagonista deste projecto de sucesso, que infelizmente não foi ainda apagado por projectos de maior sucesso".

"Para esta cidade do Porto, que o melhor do passado seja o pior do futuro", desejou.

Apesar de estar ausente desta cerimónia, o secretário-geral do PS, António Costa, enviou uma mensagem - que foi lida pelo ex-presidente da Câmara de Vila do Conde Mário de Almeida - na qual destacou que "o poder local democrático foi certamente uma das grandes, senão a maior, alavanca do progresso de Portugal nas últimas décadas".

"O PS continua a ser em Portugal o grande partido da descentralização e essa continuará a ser uma bandeira de todos os socialistas. Porque se é verdade que Portugal já fez um longo e profícuo caminho nesse sentido, há ainda muito a fazer. Aprofundar a descentralização é aprofundar a democracia", afirmou Costa.

Na opinião do líder socialista, "a grande reforma do Estado ainda por fazer é exactamente essa", considerando que "o verdadeiro húmus da política e dos eleitos" deve ser "servir bem as pessoas e resolver os problemas das populações".

"Os grandes combates políticos que temos pela frente neste decisivo ano de 2015 serão vencidos com a determinação de todos", sublinhou.

Em representação da direcção do PS esteve o secretário nacional e vereador na Câmara do Porto Manuel Pizarro, que considerou a festa de comemoração do PS ocorre numa altura em que o país está confrontado com uma liderança especialmente desastrada e impiedosa do Governo de direita, afirmando que o "híper-centralismo" faz sempre "ao Porto e ao Norte pior do que o que faz ao resto do país".

O líder da distrital do PS/Porto, José Luís Carneiro, afirmou que esta homenagem é "justa e oportuna", porque "ocorre num tempo em que, mais uma vez, o Governo de direita tem vindo a dar mostras de desconfiança dos poderes locais e regionais".

"Depois de ter andado quatro anos a desprezar o poder local, quer agora mostrar que é o campeão da descentralização. Mas nós temos memória", concluiu José Luís Carneiro.

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