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Secundário não pode ser "corredor de passagem para o Ensino Superior"

29 nov, 2024 - 14:12 • Daniela Espírito Santo , André Rodrigues

Presidente do Conselho Nacional de Educação, Domingos Fernandes, critica "ignorância" de quem subestima o ensino profissional.

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Domingos Fernandes, presidente do Conselho Nacional da Educação, acredita que há uma visão conservadora da educação, especialmente da profissional, que resulta do preconceito e de uma certa ignorância. A escola secundária acaba por sofrer também com essa visão "bastante conservadora", quando ainda "predomina" "uma ideia de liceu na cabeça das pessoas".

"Temos uma escola secundária que é, essencialmente, um corredor de passagem para o ensino superior", lamenta, assegurando, no entanto, que não é "contra os exames". "Mas nós temos de evoluir e temos de pensar nisto... É que o aluno que está a estudar Biologia e Matemática não pensa em mais nada. E o resto? Que formação é que as pessoas vão ter? É isto educar uma pessoa?", questiona.

Para Domingos Fernandes - que também é docente, é importante "refletir sobre o tipo de pessoa que queremos para o futuro".

"Temos de pensar numa educação secundária de outro tipo, que seja um centro de cidadania, um sítio onde as pessoas aprendam a respeitar as opiniões dos outros, a valorizar o coonhecimento cientifico, os desenvolvimentos tecnológicos, artísticos. A escola tem de ser um centro de curiosidade - um sitio onde se aprende a fazer perguntas, centros que nos ajudem a pensar, a aprender a pensar", defende.

É importante, sobretudo, "meter as mãos na massa" para "apreender o mundo, se relacionar com o mundo e valorizar o trabalho". "E esta também é a função da escola: valorizar o trabalho, seja ele que de natureza for", defende o presidente do Conselho Nacional de Educação, que acredita que, "num mundo extraordinariamente instável e imprevisível", é importante "desenvolver uma formação que nos permita adaptar-se facilmente às mudanças que ocorrem nas sociedades".

"A escola não prepara para a vida, a escola é a própria vida e isto é uma visão de currículo... O currículo tem de ser vida e, para ser vida, a escola tem de abrir as suas portas para que circulem pessoas para fora e para dentro", admite, pedindo um aproximar das cidades às escolas (que é "uma ideia muito boa"), mas também às escolas para serem "centros de inclusão".

"Se não incluirmos as pessoas que vêm de fora falhamos muito na coesão da nossa sociedade. E é preciso pensar que nós também já tivemos de sair daqui porque não tínhamos que comer", remata.

Domingos Fernandes esteve presente esta sexta-feira na conferência "A cidade como motor de transformação social", que decorreu no salão nobre dos Paços de concelho de Paços de Ferreira.

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