13 nov, 2024 - 14:40 • João Cunha
Num dos stands de uma empresa com sede em Charleston, na Carolina do Norte, Chris Coomes admite que não podia estar mais satisfeito. "Fiquei muito feliz, para ser sincero", diz, enquanto clica no rato para manter ativo o monitor em cima da bancada, com uma apresentação da empresa.
"Para mim, Trump foi o melhor presidente que tive. Disse que ia fazer alguma coisa e fez. Não há muitos presidentes que façam o que dizem. E por isso, as pessoas votaram nele. Para mim, é um bom presidente", explica Coomes, para quem o poder e influência de Trump podem mudar o mundo. A começar pelas guerras em curso na Ucrânia e no Médio Oriente.
"Nas notícias diz-se que o fim das guerras vai ser negociado. Creio que as pessoas em Gaza exigiram um cessar-fogo, agora que Trump foi eleito. Quer dizer... ele é poderoso", explica, com um sorriso de orelha a orelha.
"Quem tivemos antes não era muito poderoso, no palco mundial. E acho que isso vai mudar muito."
Quanto aos que manifestaram intenção de abandonar os Estados Unidos, não se mostra muito preocupado. "Podem ficar perturbados durante algum tempo, mas no mês que vem já passou."
Num outro pavilhão da Web Summit, Nick - quer apenas ser tratado assim e não quer identificar a empresa - diz que é tudo teatro.
"Estão todos histéricos. Várias personalidades disseram que vão abandonar o país, e nenhuma delas o fez. Não dou atenção a nada disso". E diz que espera para ver se alguém, de facto, cumpre o desejo de sair. Mas considera que, na sua opinião, não haverá grandes mudanças internas no país.
"O nosso governo é lento a fazer andar as coisas. Ninguém o conseguiu em quatro anos. Quer gostemos dele ou o odiemos, não haverá provavelmente grandes mudanças."
Mudanças, e grandes, foi o que fez David Browning. É voluntário na Web Summit e há ano e meio que deixou os Estados Unidos, com mulher e quatro filhas, para vir para Portugal.
"Estávamos numa altura em que o nosso negócio estava a chegar ao fim. A inflação estava tão alta que não conseguimos manter o negócio", diz este norte-americano residente em Carcavelos.
"Tivemos a oportunidade de vender tudo o que tínhamos e começar de novo, noutro local. E o futuro não parecia ser o melhor para as nossas filhas. Por isso, vendemos tudo o que tínhamos e viemos para aqui".
David não podia estar mais feliz. Ano e meio depois e face aos resultados das presidenciais, acredita que tomou a decisão certa. Contudo, não deixa de manifestar preocupação com os seus concidadãos.
"Tenho pena de quem lá está e vai ter de viver com os impactos diretos da eleição de Trump. Mas, pessoalmente, senti que tomámos a decisão certa há muito tempo."