13 nov, 2024 - 01:29 • Marisa Gonçalves
O professor universitário Manuel Braga da Cruz entende que foi graças “à dedicação” de Magalhães Crespo, que a Renascença obteve “grande influência” na sociedade portuguesa, a partir dos anos 70.
Braga da Cruz recorda a formação prática do então presidente do Grupo Renascença Multimédia, assim como os seus conhecimentos em engenharia, para dizer que, se fosse vivo e ocupasse as mesmas funções, iria aproveitar os ventos das mudanças tecnológicas.
“É evidente que a situação atual é bem diversa daquela que o engenheiro Magalhães Crespo foi encontrar quando tomou conta da Rádio Renascença. Tanto do ponto de vista político, como do ponto de vista social, mas é sobretudo diferente do ponto de vista tecnológico. Hoje, os desafios são novos, são enormes e o engenheiro Magalhães Crespo, se fosse vivo e ativo, recomendaria o mesmo que fez nos anos 70. Ou seja, assumir os riscos e os desafios tecnológicos para colocar uma rádio no patamar que se impõe”, declara Braga da Cruz à Renascença.
Manuel Braga da Cruz, que foi também Reitor da Universidade Católica, diz recordar um homem completamente dedicado à Renascença.
“Fez dela a mais ouvida em Portugal. Era um homem de formação tecnológica, mas foi capaz de converter uma rádio como a Renascença, numa rádio próxima dos ouvintes. Conseguiu que tivesse uma enorme influência na sociedade portuguesa”, sublinha.
O sociólogo e cientista político recorda que após a ocupação das instalações da Renascença, no Chiado, Magalhães Crespo soube aproveitar os tempos do PREC para “não deixar nacionalizar a rádio” e valorizar “a liberdade”.
“As pessoas queriam pluralismo, queriam liberdade de informação. Por isso, o engenheiro Magalhães Crespo compreendeu, como poucos, o papel que tinha de desempenhar nesse domínio da liberdade de imprensa e de comunicação”, remata.
Fernando Magalhães Crespo, presidente emérito e homem que guiou os destinos do Grupo Renascença Multimédia ao longo de mais de três décadas, morreu esta terça-feira. Tinha 94 anos.