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Conferência "A Reindustrialização de Portugal"

Presidente da INOVAGAIA diz que falta melhor "storytelling" à indústria portuguesa

11 nov, 2024 - 10:32 • Inês Braga Sampaio

António Miguel Castro defende, na conferência da "A Reindustrialização de Portugal", organizada pela Renascença, que Portugal tem um contexto "muito favorável" à reindustrialização.

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O presidente da INOVAGAIA, António Miguel Castro, defende que Portugal deve saber não apenas fazer bem, mas também promover melhor aquilo que faz, de forma a passar uma imagem mais forte da sua economia e indústria lá para fora.

No discurso de abertura da conferência "A Reindustrialização de Portugal", promovida pela Renascença com o apoio da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, esta segunda-feira, António Miguel Castro sublinha que "a monetização do que fazemos é absolutamente central".

"Queremos muito olhar para o futuro de forma otimista, mas tem faltado a escalabilidade, aumentar a margem do que fazemos, a nossa proposta de valor, e tem faltado o orgulho no que fazemos. O 'storytelling'. Enquanto país, temos de ser capazes de passar uma imagem de confiança lá para fora. Temos uma história rica e temos de passar de uma economia em que pensamos não só no espaço urbano para uma economia em que pensamos no conhecimento, mas também em que, através do conhecimento, monetizamos melhor o que fazemos. Se reuníssemos todas as empresas que saíram do MIT, teríamos a 11.ª economia do mundo", assinala.

António Miguel Castro admite que Portugal tem "uma economia ainda débil", embora considere que existe "um potencial enorme na capacitação das novas gerações e na reorganização do ambiente nacional", sendo também essencial "perceber que as cidades são determinantes".

"As cidades têm de ser empreendedoras, apontar um caminho, comunicar para o exterior, atrair investimento externo. Não podem ficar à espera que o Governo dite o caminho", explica, também porque a reindustrialização de agora "será muito diferente do passado", porque "a forma como vemos hoje o mundo é manifestamente diferente da forma como o mundo passado se desenvolveu".

A Inteligência Artificial, "diz-se, será a nova eletricidade". Além disso, com a pandemia, as empresas deixaram de optar pela deslocalização em função do preço e passaram "a pensar de forma diferente" na procura de novos sítios para a deslocalização. E separa o tema em quatro tópicos, o primeiro deles a sustentabilidade.

" As alterações climáticas, a economia circular, a pegada ecológica, todos estes são temas essenciais. A sustentabilidade tem um peso muito específico na reindustrialização das empresas e do nosso país. Para se ter uma ideia, 21% dos gases com efeito de estufa vêm das deslocações de longa distancia das cadeias de abastecimento", realça.

Depois, os riscos geopolíticos, nomeadamente os "interesses específicos da União Europeia e dos Estados Unidos em poder recapturar investimento", de forma a serem competitivos. Por fim, "o papel dos governos, das políticas e das ações".

"A indústria representa cerca de 20% do nosso PIB. Estão empregadas cerca de 600 mil pessoas. Há uma previsão de investimento que demonstra bem o potencial da reindustrialização a nível mundial, uma previsão de investimento de 3,4 triliões de dólares em reindustrialização. Aumentou cerca de 20% face às últimas décadas. Há um cenário que coloca Portugal numa posição dianteira", salienta.

António Miguel Castro lembra que estamos "na época dos dados abertos" e, nesse sentido, existe em Portugal "um ecossistema de inovação favorável".

"Temos também as escolas de negócios cada vez mais fortes e a dar mais cartas, a dar formação aos nossos líderes. Temos um ecossistema de startups significativo, mais 4.000 startups. Duplicou de 2017 para 2024. Temos algo que nunca tivemos: preço da energia baixos. 83% da energia até julho de 2024 foi proveniente de fontes renováveis. Hoje conseguimos ter energia 54% mais barata que a média europeia", enumera.

Qual poderá, então, ser o contributo das cidades para a reindustrialização? O presidente da INOVAGAIA sublinha que "a economia não se faz só de urbanismo, mas faz-se com urbanismo, com indústria e com urbanidade e qualidade de vida": "É determinante planear e ter em conta as novas filosofias em relação à industrialização e à forma como as pessoas vão querer viver, mesmo em ambiente industrial."

"Quando as empresas procuram deslocalizar-se, que ativos procuram numa cidade? Resiliência, custo económico, rendas, energia, custo do trabalho, qualidade de vida interferem muito na fase da seleção. Portugal, segundo um estudo, aparece em primeiro lugar nas opções de reindustrialização a nível mundial. O ambiente neste momento é favorável, há um balanço muito equilibrado entre qualidade de vida, a experiência cultural, a oferta educativa, a oferta desportiva, a segurança, a par da mobilidade, a qualidade do espaço urbano, a oferta habitacional, a oferta formativa, de escolas e colégios para crianças", vinca.

O que falta, conclui, é, precisamente, que Portugal saiba vender melhor aquilo que tem para dar.

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