11 nov, 2024 - 20:36 • Ricardo Vieira
O Ministério Público (MP) abriu mais duas investigações a mortes alegadamente relacionadas com falhas no atendimento do INEM. Há seis inquéritos em curso.
Foram abertos inquéritos a casos registados em Bragança e Tondela, revelou esta segunda-feira a Procuradoria-Geral da República, em resposta enviada à Renascença.
Na semana passada, já tinham sido anunciadas investigações a situações registadas em Bragança, Cacela Velha, Vendas Novas e Almada.
No caso de uma morte em Ansião, sem que fosse possível obter resposta do INEM, o inquérito por falta de provas de crime.
Sobre outros casos de alegadas falhas no INEM ocorridas em Pombal e Ponte de Sor, o Ministério Público aguarda mais informações para abrir ou não um processo de inquérito.
Ministra visita INEM
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, visita o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), em Lisboa, na terça-feira, após uma dezena de pessoas terem morrido na sequência de falhas no socorro.
A governante ficou debaixo de fogo da oposição na sequência das falhas no 112 e da greve às horas extraordinárias dos técnicos pré-hospitalares, que foi suspensa após uma reunião com o Ministério da Saúde.
Em reação à morte de várias pessoas enquanto esperavam por socorro do INEM, a secretária de Estado da Saúde, Cristina Vaz Tomé, admitiu na sexta-feira que o Governo não esperava o “impacto da conjugação de duas greves”.
Cristina Vaz Tomé reconhece que o Ministério da Saúde estava a par das greves dos técnicos de emergência pré-hospitalar e da Função Pública, mas admite que não esperava o impacto que tiveram na resposta do INEM na segunda-feira, 4 de novembro.
“Nós tivemos conhecimento do pré-aviso de greve. Houve greves semelhantes a esta, a última foi em 2023. Não estávamos à espera do impacto que resulta da conjugação de duas greves na segunda-feira. Não estávamos à espera do impacto”, disse a governante, esta sexta-feira, em declarações aos jornalistas.
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) já abriu um inquérito aos casos de mortes noticiados nos últimos dias por alegados atrasos no atendimento do INEM, anunciou esta sexta-feira a entidade.
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, acusou o Governo de "negligência" no caso da greve no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que foi suspensa na quinta-feira após uma reunião entre o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar e a ministra da Saúde.
"O Governo sabia há muito tempo que esta greve podia ocorrer e, pelo menos, há 10 dias, que ia ocorrer. O Governo nada fez nada para evitar a greve nem para minorar os efeitos desta greve", declarou Pedro Nuno Santos, em conferência de imprensa.
"Este não é só um problema da ministra. É um problema do Governo todo e, em particular, do primeiro-ministro. O primeiro-ministro podia ter optado que estamos perante uma situação grave, que vai averiguar o que aconteceu e retirar as consequências, mas o primeiro-ministro optou por desvalorizar esta greve, dizendo mesmo que não podem andar sempre atrás de pré-avisos de greve", acusa o secretário-geral do PS.
Por seu lado, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, defendeu na sexta-feira que os problemas no INEM “não se resolvem” demitindo a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, referindo que isso se aplica a “todos os membros do Governo”.
“A consequência política, quando há problemas, é resolvê-los, essa é a consequência política. A consequência política não é, para ser direto a responder à sua pergunta, mudar pessoas para o problema continuar, é o contrário, é resolver o problema para que nós possamos continuar cada vez mais a prestar bom serviço”, salientou Luís Montenegro.
Falando aos jornalistas portugueses em Budapeste, no final de uma reunião informal do Conselho Europeu, o primeiro-ministro reforçou a ideia: “Os ministros estão no Governo para resolver problemas, não é para se arrastarem e tentarem, no fundo, contornar os problemas para que, eventualmente, mudando os protagonistas, os problemas subsistam”.
Já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pede soluções rápidas para os problemas registados esta semana no INEM e acredita que este "não é o momento" para falar sobre uma eventual saída da ministra da Saúde, Ana Paula Martins.