11 nov, 2024 - 19:40 • Pedro Mesquita
Na primeira entrevista que dá desde que foi reconduzido como diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luis Neves diz à Renascença que estará por dias a extradição para Portugal do único recluso recapturado – em Marrocos – dos cinco presos que se evadiram, a 7 de setembro, do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus.
“Esperamos que num muito curto prazo de tempo [Fábio Loureiro] regresse a Portugal, e a extradição seja efetivada (...) estamos convencidos de que, nos próximos dias”. É esta a expectativa do diretor nacional da Judiciária.
Quanto aos restantes quatro reclusos, Luis Neves assegura à Renascença que a PJ dispõe de informações que não pode, nem quer revelar.
Nestas declarações, Luis Neves começa por manifestar a satisfação por continuar à frente da Polícia Judiciária e reconhece a importância do bom relacionamento pessoal que tem, há muito tempo, com o novo procurador-geral da República, Amadeu Guerra: “As relações humanas contam muito, são decisivas”, sublinha.
Como é que reage a esta recondução, como diretor Nacional da Polícia Judiciária? Imagino que já tenha tido também a influência do novo procurador-geral da República, dado que só foi reconduzido já depois da tomada de posse de Amadeu Guerra?
Em primeiro lugar, reajo com satisfação porque essa foi a minha vontade, manifestada no tempo devido. Por outro lado, é importante que o órgão de polícia criminal, a Polícia Judiciária, com as competências de todos conhecidas, tenha uma boa relação com o atual procurador-geral, como teve com as duas anteriores procuradoras-gerais, com quem tive a honra e o prazer de trabalhar, quer com a Dra. Joana Marques Vidal - menos tempo – quer com a Dra. Lucília Gago.
Mas é ainda mais próximo, agora, do novo procurador-geral da República, creio eu...
O senhor procurador-geral da República já prestou declarações a esse respeito. E naturalmente que sim, todas as pessoas no meio sabem que, quando assumi funções...mesmo antes, enquanto diretor da Unidade Nacional Contraterrorismo, tivemos muitos casos, muitas situações delicadas, com o DCIAP (Departamento Central de Investigação e Ação Penal, que foi dirigido por Amadeu Guerra, o atual procurador-geral), e essa questão da coadjuvação e do apoio total, frontal, sério e leal sempre existiu da minha parte, e da equipa que liderava... e que se passou o mesmo quando assumi funções como diretor nacional da PJ.
Diretor nacional da Polícia Judiciária continua no(...)
Isso significa que será uma relação produtiva, em termos de resultados, que isso dará frutos, mais do que dava no passado?
Como sabemos, as relações humanas contam muito, são decisivas. Para além disso, também é público que a Polícia Judiciária está num processo de reapetrechamento e, naturalmente, os nossos meios são os meios do Ministério Público. Na investigação criminal nós só trabalhamos, praticamente, na investigação para o Ministério Público e, naturalmente, é um motivo que permite que tenhamos maior otimismo e confiança no futuro.
Em relação a um caso concreto, o dos cinco reclusos que se evadiram do Estabelecimento prisional de Vale de Judeus. Um deles está detido em Marrocos à espera da extradição. Sabe alguma coisa dos outros quatro?
Estamos a trabalhar. (Risos)
Mas há alguma informação, nos últimos tempos?
Meu caro, se houvesse alguma informação - que há naturalmente - são informações nossas, sobre as quais está vedado e nem posso, nem quero, nem desejo falar. Digo apenas que o recluso que foi recapturado em Marrocos [Fábio Loureiro], esperamos que num muito curto prazo de tempo regresse a Portugal, e a extradição seja efetivada. Apenas isso.
Esse breve tempo, tem já uma ideia de quando é que poderá ser?
Não. Depende das autoridades judiciárias do Estado de Marrocos. Tem havido lá uns problemas com umas greves, que tem levado a um atraso na processualização deste ato. Mas estamos convencidos, porque temos acompanhado a par e passo com os nossos colegas polícias, em Marrocos. Estamos convencidos de que, nos próximos dias, o assunto pode ser que se venha a efetivar.
Quanto aos outros quatro, já me disse que estão no rasto deles...
Quanto aos outros quatro, a única coisa que lhe posso dizer é que, nesse caso, como em qualquer outro, a polícia tem o tempo, e espera, e trabalha, para alcançar um objetivo. Normalmente estas coisas são demoradas, mas nós temos o tempo e a paciência, e o saber, para conseguirmos algum dia alcançar esse objetivo.