09 nov, 2024 - 21:58 • Anabela Góis , Diogo Camilo
O líder parlamentar do Bloco de Esquerda diz que a autorização de atracagem de um navio em Lisboa suspeito de abastecer armas em Israel é um “erro” e que se trata de um “esquema conhecido” que passa por Marrocos e que coloca Portugal “na rota do genocídio” no Médio Oriente.
Em declarações à Renascença, Fabian Figueiredo indica que o mesmo navio que pretende atracar em Lisboa foi impedido de atracar em Espanha, no porto de Algeciras, onde seguirá para Marrocos onde receberá a carga de outro navio para seguir para Israel.
“Este barco foi impedido de atracar em Algeciras porque o Governo espanhol descobriu que fazia parte de um esquema (...) de tráfico marítimo de armamento. Segundo as denúncias que vieram a público, é o mesmo que acontecerá a este navio quando chegar a Marrocos”, afirma o membro do Bloco de Esquerda.
O líder parlamentar bloquista encontra-se com dezenas de pessoas que estão concentradas no Porto de Lisboa contra o atrancamento do navio Nysted MAERSK, com organizações a pedirem a revogação da autorização ao Governo, que autorizou a manobra.
"O impedimento de atracar nos portos dos diversos países seria uma forma de não contribuir para tudo isto que está a acontecer", defendeu Sandra Machado, da PUSP - Plataforma Unitária de Solidariedade com a Palestina, referindo-se à situação na Palestina.
A denúncia partiu do Comité Nacional Palestiniano BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções), que afirma que o navio esteve envolvido, durante meses, em mais de 400 transportes ilegais de armas para Israel, através do uso do porto espanhol de Algeciras.
Segundo o BDS, o Governo espanhol terá proibido a utilização daquele porto e por isso a solução alternativa passou a ser Portugal.
Confrontado com estas acusações, o Ministério das Infraestruturas e Habitação disse que não iria proibir a entrada do navio no porto de Lisboa, tendo em conta as informações que tinha obtido através do manifesto de carga e das declarações prestadas pelo armador e outras autoridades.
Segundo o ministério, o navio pediu autorização para atracar em Lisboa para descarregar 144 contentores, que incluem automóveis, roupa, alimentos, sementes, mobiliário, cerâmica, copos de vidro, champôs e sabões, quadros e pinturas, aparelhos elétricos, cabos de fibra ótica e diversos metais (lingotes de cobre, granalha de ferro, ligas à base de cobre-zinco).
"Este navio prevê partir na manhã de amanhã [domingo], 10 de novembro, sem efetuar qualquer carga. Em resposta a pedido de esclarecimento, foi-nos reconfirmado que não é transportada qualquer carga militar, armamento ou explosivos", adiantou o Governo.
O ministério garantiu ainda que não há "nenhum contentor com destino a Israel" e que, entre a carga que transporta e que não será descarregada em Portugal, estão "três contentores com componentes de aviões (peças de asas) com destino aos EUA".