26 out, 2024 - 15:37 • Miguel Marques Ribeiro , Filipa Ribeiro , Alexandre Abrantes Neves , Lara Castro
A manifestação "Justiça para Odair Moniz", que protesta contra a violência policial nos bairros e o protesto organizado pelo Chega de apoio à forças de segurança, arrancaram este sábado em Lisboa, com um ligeiro atraso devido à chuva que caiu na capital.
Centenas de apoiantes do partido Chega concentraram-se na Praça do Município. Antes do cortejo arrancar em direção à Assembleia da República, André Ventura falou aos jornalistas para elogiar a atuação da polícia.
"Quem tem que ir para a cadeia é quem anda a matar, quem anda a destruir, não quem anda a defender a polícia", afirmou. "Espero que não seja preso o mensageiro", acrescentou, referindo-se à investigação iniciada pelo ministério público a ele próprio, a Pedro Pinto e a um assessor do partido, por alegado incitamento ao ódio, na sequência de declarações proferidas pelos políticos nos últimos dias.
"Se, o que eu não acredito, o país acabar por entender que quem deve ir preso sou eu, eu cá estarei para isso. Mas questão não é essa. A questão é que nós temos um conjunto de vândalos a destruir o país todas as noites. Se quem acabar por ir para a prisão for eu, está tudo errado neste país, está tudo errada na democracia, está tudo errado no estão de direto que defendemos", defendeu.
André Ventura desvalorizou ainda as críticas por ter marcado um protesto à mesma hora da outra manifestação de apoio à família de Odair Moniz.
O desfile marcado pelo Chega foi a passo apressado para o Parlamento. Marcaram presença cerca de 400 manifestantes, muitos com bandeiras nacionais, cantaram o hino e entoaram palavras de ordem como: “Está na hora dos bandidos irem embora”.
Do Marquês de Pombal partiu também a manifestação que exigiu justiça pela morte de Odair Moniz, baleado pela polícia no bairro da cova da moura.
À Renascença, Luis Batista do Movimento Vida Justa, um dos grupos que convocou este protesto, disse que esta é uma iniciativa para alertar para alertar para a situação dos que como Odair Moniz vivem nos bairros mais desfavorecidos.
“Apesar das tentativas dos últimos dias para normalizar esta situação e para individualizar, dando a ideia de que se trata de um caso isolado, nós sabemos que isto faz parte de uma estrutura sistémica que classifica estes bairros populares como zonas urbanas sensíveis e isto é uma opção legislativa e governamental, ao caracterizar territórios e bairros de acordo com sua ordem étnica e social. Isso é uma violação da constituição".
"Há um país diferente do outro que se está a manifestar a alguns quilómetros", referiu ainda, numa menção à manifestação convocada iniciada à mesma hora, pelas 15h30, no Marquês de Pombal e que termina na Praça dos Restauradores.
O líder Parlamentar do Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo garantiu que o "Chega quer instrumentalizar a polícia" e que o protesto convocado pelos familiares da Odair Moniz, morto na sequência de uma operação policial na Cova da Moura, é um "grito pela democracia, pela igualdade, pela dignidade".
"Aqui não há duas posições. Nós estamos do lado do estado de direito democrático", afirmou o bloquista, que saudou ainda "todas as forças de segurança que não se reconhecem nas palavras de oportunismo e de incendiarismo do Chega".
Para o Porto foi, entretanto, convocada outra manifestação. Vai decorrer no Largo 1.º de Dezembro entre as 18h30 e as 20h00. em protesto contra a violência e o racismo policial e em apoio também a Odair Moniz.
O velório decorre na Igreja da Buraca. O funeral realiza-se domingo às 14h00.
[Em atualização]