15 out, 2024 - 01:00 • Marisa Gonçalves
O especialista em incêndios florestais Domingos Xavier Viegas entende que é uma boa medida colocar aviões C-130 no combate aos fogos, mas sublinha que não deve ser encarada como uma solução definitiva, antes deve ser vista como mais um reforço de meios.
“Não podemos pensar que é a solução porque a solução não está no combate com meios pesados, mas é mais um recurso e, se vier a ser utilizado, é um reforço muito grande para a capacidade de operar dos nossos meios de combate”, adianta Domingos Xavier Viegas, em declarações à Renascença.
O diretor do Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais destaca a grande capacidade de combate que apresenta um avião C-130.
“Transporta 11 mil litros, portanto, tem uma capacidade de descarga. No combate aos incêndios, é bom que tenhamos um arsenal diversificado, desde meios ligeiros, que são os helicópteros, meios médios e meios pesados, onde se inclui o C-130 e como tal, teremos uma capacidade de combate e supressão muito elevada, em incêndios de grande intensidade”.
Xavier Viegas acrescenta que apenas um avião C-130 a operar não será eficaz num cenário de combate às chamas, defendendo a utilização de, pelo menos, dois aviões.
Nuno Melo esclareceu que as Forças Armadas querem (...)
“Eu acompanhei a utilização deste meio aéreo pela Força Aérea no combate aos incêndios, há uns 10 anos atrás e uma das coisas que verifiquei é que era usado um único avião. Ora, isso não é suficiente porque não dá, digamos, tempo suficiente para fazer as descargas nem para que elas sejam eficazes no combate. Para que haja realmente eficácia têm de estar em operação, pelo menos, dois aviões. Eventualmente um terceiro, como reserva”, afirma.
O especialista lembra que estes aviões têm de ser abastecidos em terra porque têm reservatórios que são pressurizados. “É uma operação demorada e exige que haja uma base aérea com esses recursos”.
Esta segunda-feira, o ministro da Defesa, Nuno Melo, anunciou que quer colocar aviões C-130 a combater incêndios. O governante esteve a visitar as zonas afetadas pelos fogos no distrito de Aveiro e defendeu a necessidade de criar condições para que os aparelhos da Força Aérea possam ajudar no combate às chamas.
"Vou apresentar ao Governo uma proposta para a aquisição de dois 'kits' que serão instalados em aeronaves C-130 para combate aos incêndios", referiu o ministro, durante uma sessão para a assinatura do protocolo de cooperação para a implementação do "Referencial de Educação para a Segurança, a Defesa e a Paz", com os 11 municípios da região de Aveiro.
O investimento poderá pode rondar os sete milhões de euros, por cada avião.