10 out, 2024 - 16:04 • Filipa Ribeiro com Lusa
O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, anunciou esta quinta-feira, no parlamento, que o executivo autorizou a despesa para que a CP - Comboios de Portugal possa ser certificada para operar em Espanha, numa estratégia de internacionalização.
"Já autorizamos a despesa para que a CP seja certificada para operar em Espanha", afirmou Miguel Pinto Luz na Assembleia da República, acrescentando que o executivo tem "vindo a incentivar a que sejam desde já realizados os estudos para a operação na Corunha".
"Se a RENFE se prepara para operar em Portugal, a CP também tem de se preparar para operar em Espanha", sublinha o ministro das Infraestruturas, que anunciou que o Governo autorizou a despesa para que a CP seja certificada para operar no país vizinho.
Miguel Pinto Luz foi chamado ao Parlamento a pedido do Livre para falar sobre o Passe Nacional Ferroviário.
O ministro considera que é necessário preparar a CP para o mercado concorrência para evitar que fique a "ver passar comboios".
Miguel Pinto Luz sublinha que o Governo acredita na empresa a operar o serviço público, no entanto realça a necessidade de a CP " se internacionalizar".
O governante indica que é, por isso, essencial "adquirir material circulante para operar a alta velocidade" para que a CP esteja apta e adianta que o Governo também já incentivou para que sejam realizados estudos para a operação na Corunha.
Quanto ao passe Nacional Ferroviário, a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, reivindicou a "paternidade" da ideia, salientando que foi o partido que apresentou a medida há dois anos, "não apenas como uma proposta de transição ecológica, mas também como uma medida de combate à inflação".
"O senhor ministro Miguel Pinto Luz veio descrever o Passe Ferroviário Nacional como uma "medida revolucionária", capaz de democratizar o acesso à ferrovia" para todos os cidadãos. Pois é, senhor ministro. O Livre sabe que é uma medida revolucionária e por isso a apresentou há dois anos", disse.
Isabel Mendes Lopes afirmou que "as boas ideias são para se roubar" e acrescentou que, já que o Governo aproveitou a ideia do Passe Ferroviário Nacional, pode agora "dar boleia" a várias outras ideias do Livre, "que são igualmente revolucionárias e que democratizam a mobilidade".
"Aliás, algumas já demos e o PSD votou contra, como a retoma dos comboios noturnos, essenciais para a mobilidade internacional e até para percursos longos dentro do país", frisou, pedindo também que o investimento no Passe Ferroviário Nacional seja acompanhado de "um forte investimento na mobilidade".
"E aqui voltamos à ferrovia. Um sistema de mobilidade nacional alicerça-se no seu transporte pesado, na sua ferrovia. A ferrovia em Portugal tem sofrido muito nas últimas décadas. Onde devíamos ter investido, renovado, melhorado, desinvestiu-se e fecharam-se linhas", criticou, defendendo que é preciso "reforçar a oferta" para dar "mais comboios para responder à procura".
"Os quase 19 milhões com que a CP vai ser compensada pelo Passe Ferroviário preveem o reforço da oferta para fazer face à procura?", questionou, pedindo ainda que este passe seja um caminho para a criação de um Passe de Mobilidade Nacional, ou seja "que dê acesso, em todo o país e em todo o território, à rede de transportes públicos".