09 out, 2024 - 12:12 • Olímpia Mairos
Um grupo de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu biossensores que podem diferenciar as estruturas de uma proteína ligada ao Parkinson, auxiliando na deteção da doença.
Em comunicado, a Universidade de Coimbra esclarece que o projeto OLIGOFIT - Oligomer-Focused Screening and Individualized Therapeutics to target Neurodegenerative Disorders, através da FCTUC, “tem contribuído especificamente para desenvolver estratégias de deteção da doença que se relacionam com marcadores proteicos conhecidos e a sua agregação”.
De acordo com a investigadora do Centro de Engenharia Mecânica, Materiais e Processos (CEMMPRE), Goreti Sales, citada no comunicado, “este projeto centra-se na capacidade dessa proteína adotar diferentes formas de acordo com a sua agregação, que impactam na evolução da doença”.
A doença de Parkinson é uma das várias condições classificadas como sinucleinopatias, que estão intimamente ligadas à presença da proteína alfa-sinucleína - responsável pela formação de depósitos anormais conhecidos como corpos de Lewy, que interferem com o funcionamento do cérebro.
Segundo a professora do Departamento de Engenharia Química (DEQ), “o projeto permitiu analisar monómeros, oligómeros e estruturas fibrilares da proteína, investigando a sua relevância para a doença e estudando meios capazes de capturar os agregados indesejados”.
“No DEQ, desenvolvemos biossensores capazes de diferenciar as estruturas de alfa-sinucleína, uma vez que existe uma relação entre as manifestações clínicas e as estruturas agregadas de proteína”, assinala.
Além disso, estes biossensores poderão, no futuro, ajudar a monitorizar a evolução da doença.
“Vamos imaginar que um médico prescreve ao doente um medicamento que retarda a sintomatologia, os biossensores devem poder avaliar o efeito dessa medicação na formação desses agregados, antes até de a pessoa sentir o impacto da mesma”, observa.
A Universidade de Coimbra assinala ainda que esta investigação que integrou uma equipa multidisciplinar “representa mais um passo na compreensão da doença de Parkinson e na procura de tratamentos individualizados, contribuindo para uma abordagem mais eficaz no combate a esta condição devastadora”.
“A doença de Parkinson, uma condição neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e que se instala ao longo de vários anos, é habitualmente diagnosticada com base em sintomas cardinais, como tremores e rigidez de movimento. No entanto, esses sinais indicam um estado mais avançado da doença, que torna o diagnóstico precoce uma necessidade urgente”, lê-se no comunicado.
O projeto OLIGOFIT, liderado pela Universidade de Oxford, contou ainda com a participação de investigadores das universidades de Aarhus (Dinamarca), Coimbra (Portugal), Göttingen (Alemanha) e Warsaw (Polónia), bem como do Latvian Biomedical Research and Study Centre (Letónia).