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Conselho de Redação da RTP repudia declarações de Montenegro sobre uso de auriculares por jornalistas

09 out, 2024 - 15:35 • Diogo Camilo

Órgão da estação pública considera que é preferível um "jornalismo ofegante", como lhe chamou o primeiro-ministro, do que "jornalistas amansados pelo poder político". TVI considerou o termo usado por Montenegro “infeliz”.

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O Conselho de Redação da RTP repudiou esta quarta-feira as declarações de Luís Montenegro sobre o uso de auriculares por jornalistas, durante o anúncio de medidas de apoio à comunicação social.

Em nota, o órgão da estação pública considera “inaceitável” e “ofensiva” a sugestão do primeiro-ministro, que indicou que “fazer a pergunta que o outro sopra ao ouvido não é jornalismo”.

“Esta afirmação demonstra um profundo desconhecimento sobre o funcionamento técnico dos meios televisivos e um desrespeito pela integridade profissional dos jornalistas”, indicou o Conselho da Redação da RTP.

Explicando que o uso de auriculares é essencial para que jornalistas em reportagem possam escutar a emissão, receber indicações da redação, comunicar com a régie e receber informações de contexto para a formulação de perguntas, a RTP indica ser “lamentável” que Montenegro não se tenha informado sobre a função dos auriculares “antes de fazer afirmações levianas e desrespeitosas”.

“Acreditamos que é preferível um jornalismo ‘ofegante’, que busca a verdade e a prestação de contas numa sociedade democrática e informada do que jornalistas amansados pelo poder político para o tentar transformar em mera voz de quem tem o poder institucional”, acrescenta o Conselho de Redação, que apela ao primeiro-ministro para que se retrate pelas suas declarações.

Já esta terça-feira à noite, durante o Jornal Nacional, a TVI lançou uma nota da sua Direção de Informação, considerando que o termo “jornalismo ofegante” usado por Montenegro é “infeliz”.

“O dever dos jornalistas é o de fazer perguntas e procurar respostas. O termo “jornalismo ofegante” não chega a ser ofensivo, mas é infeliz. O primeiro-ministro tem também o dever de dar respostas, mas é certo que pode escolher o tempo e o modo para o fazer. Quanto ao auricular, é um instrumento de trabalho: insinuar que serve para ‘soprar perguntas’ revela desconhecimento ou mesmo má-fé”, indicou José Alberto Carvalho.

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