01 out, 2024 - 06:00 • Fátima Casanova
Há crianças que ainda não completaram os três anos e já não podem frequentar o programa “Creche Feliz”, com direito à gratuitidade. Um pai e uma mãe relatam à Renascença a preocupação e angústia que se abateram sobre as suas famílias, quando os filhos deixaram a creche.
João e Dilan não são as únicas crianças sem vaga no pré-escolar, em regime gratuito. Há milhares que não conseguem um lugar no sistema público.
Pelas contas do Governo, em setembro, cerca de 29 mil crianças concluíram a frequência em creches, por terem atingido os 3 anos.
Destas, 12.070 frequentaram o programa “Creche Feliz”, devendo transitar para o pré-escolar. É aqui que surgem os problemas, porque o setor público não tem vagas para todas e o Governo não procurou respostas junto do setor privado.
Estão a ficar fora do sistema, especialmente as crianças que só completam os 3 anos até ao final do ano.
Podem permanecer na creche, que frequentaram ao abrigo da “Creche Feliz”, mas mediante o pagamento de uma mensalidade, ao contrário do que acontecia até aqui.
Uma situação que causa revolta, disse à Renascença, João Machado que teve de procurar uma nova instituição de ensino, para o filho frequentar neste ano letivo.
Estão a ficar fora do sistema sobretudo as criança(...)
Quase a fazer 3 anos, o pequeno João, deixou a creche privada, onde as mensalidades eram suportadas pelo Estado.
Sem apoio assegurado por parte do Governo, “teria de fazer o pagamento nessa creche privada”, conta o pai, que procurou uma solução mais económica, uma IPSS, onde paga cerca de 90 euros.
João Machado salienta que se o Governo desse resposta, o filho poderia ter continuado na instituição privada, “com melhores condições” e não teria sido sujeito “a uma nova fase de adaptação”.
Esta mãe não arranjou vaga no sistema público, apesar de ter inscrito o filho em inúmeros jardins de infância em duas freguesias: Alverca, no concelho de Vila Franca de Xira e na Povoa de Santo Adrião, no concelho de Odivelas.
Sem alternativa, Sofia Fernandes diz que foi preciso “recorrer ao particular, onde em setembro já pagou 411 euros”.
O pequeno Dilan faz os 3 anos este mês e, por isso, não podia continuar a frequentar a creche ao abrigo do programa “Creche Feliz”. Sofia Fernandes relata que “não deram hipótese”: tinha de fazer a matrícula no jardim infantil, porque já ia fazer os 3 anos e, por isso, não podia continuar na Creche Feliz”.
Esta mãe diz que “é inadmissível, é uma situação desgastante, porque fica a pensar no orçamento familiar”.
São dois testemunhos de quem foi surpreendido pela falta de vaga para os filhos poderem prosseguir no ensino gratuito, depois de terem sido abrangidos pela “Creche Feliz”.