01 out, 2024 - 12:38 • Diogo Camilo
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa lamentou esta terça-feira que os apoios do PRR para a habitação previstos para este ano ainda não tenham chegado à autarquia, aplaudindo o pacote de habitação do Governo que “corrige problemas do passado”.
A queixa foi apresentada na Conferência “Habitar as Grandes Cidades, organizada pela Renascença, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, com Moedas a falar em “desespero e revolta”.
Indicando que foram assinados com Bruxelas apoios de 560 milhões de euros do PRR em contratos para habitação em Lisboa, “o maior projeto do concelho dos últimos 30 anos” como afirmou.
Segundo o autarca, dos 100 milhões do PRR previstos para este ano para combater o problema da habitação, a Câmara de Lisboa recebeu apenas 11 milhões, estando atualmente a suportar os custos por si só.
Aproveitando o momento em que foi interrompido, Moedas afirmou também que aos lisboetas “não interessa a ideologia” e lamenta a “superiorização moral dos extremos”.
“Eu sou um moderado agressivo. E sou agressivo porque os moderados também precisam de ser agressivos. Não podemos estar a levar todos os dias com os extremos que se acham superiores”, avança, referindo que “quando a ideologia entra, o privado passa a ser mau” e lamentando o bloqueio de medidas na autarquia.
O autarca defendeu que é necessário “licenciar mais” e atuar do lado da oferta e da procura, lembrando apoios a arrendamento por parte da CML e indicando que é necessária mais fiscalização dos contratos de arrendamento, por parte da Câmara Municipal de Lisboa, e que, em casos de sobrelotação, a autarquia “não pode entrar nas casas das pessoas”, sendo responsável a AIMA e o Governo.
“Em 2010 havia 510 alojamentos locais em Lisboa e em 2019 havia 19 mil. Não foi o Carlos Moedas que aumentou os alojamentos locais em Lisboa, o Carlos Moedas parou com o alojamento local”, afirmou, lembrando a suspensão de alojamento local em algumas das freguesias lisboetas.
No início da sua intervenção, Moedas foi interrompido por uma das pessoas da plateia que o chamou de “mentiroso” e o acusou de “estar a matar a cidade”. Em resposta, o autarca culpou partidos de extrema-esquerda por "usarem a habitação como uma luta ideológica" e não estarem interessados em resolver o problema.
Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, cancelou a presença na conferência por motivos de agenda, justificando a ausência com o acompanhamento à introdução de limitações à circulação de veículos turísticos no centro histórico do Porto.