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Fogos

Combate aos incêndios. Meios aéreos do Estado disponíveis na totalidade só depois de 2030

30 set, 2024 - 06:30 • Liliana Monteiro

Primeiros helicópteros comprados ainda pelo Governo PS, estão parados, por falta treino de pilotos e de qualificação e certificação das aeronaves, essenciais às operações no terreno.

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O Governo anunciou em junho o plano de meios aéreos do Estado para combate a incêndios, mas o dispositivo só deverá estar disponível em força depois de 2030. Até lá, o Estado terá de continuar a recorrer à alocação de aeronaves e à ajuda do mecanismo Europeu de Proteção Civil.

Ao todo estão previstos 11 meios aéreos além dos dois Koala que já estão em ação desde maio integrando o Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Rurais (DECIR).

A juntar aos dois helicópteros Black Hawk, que chegaram este ano, estão contratualizados mais sete para serem entregues até 2025 e 2026 e ainda dois Canadair com chegada prevista um em 2029 e outro em 2030.

De acordo com informação prestada pela Força Aérea à Renascença, os primeiros dois Black Hawk, que chegaram em 2024, só dentro de dois anos terão, se tudo correr como esperado, terminada a fase de qualificação, treino e certificação.

“Atualmente, decorre a fase de qualificação e treino de tripulações e certificação da aeronave, que se prevê concluída em 2026”, diz a Força Aérea que acrescenta, “o processo enfrenta fases inultrapassáveis por forma a garantir a segurança e o cabal cumprimento de uma das mais exigentes e perigosas missões”.

Os que chegam em 2025, só a partir de 2027 poderão estar prontos a ir para o terreno, quanto aos Canadair entram em ação ainda mais tarde.

Duarte Caldeira, do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil, alerta para esse risco: “Estando nós no final de 2024 só é espectável termos meios aéreos previstos no planeamento em 2027 ou depois, só nessa altura podemos contar com os meios aéreos para missão. É preciso ter em conta o treino dos pilotos e a certificação. Todo um processo que é obrigatório."


“Até lá, o que vamos continuar a ter, além dos Koalas, é o aluguer de meios para suprir as necessidades de intervenção de meios aéreos para combate aos incêndios florestais”.

Duarte Caldeira vê como positiva a aposta na compra de meios aéreos, mas recorre ao caso da Grécia para explicar que isso não basta: “Aqui há uns anos, a Grécia era o país do sul da Europa que mais meios tinha, mas em compensação menos potencial de combate terrestre tinha também. Depois de incêndios gravíssimos concluiu-se que não bastava ter apenas meios aéreos mas robustecer o mecanismo terrestre."

Para este antigo líder da Liga dos Bombeiros Portugueses, os incêndios extinguem-se em terra, sendo indiscutível que os meios aéreos são um meio importante para retardar os fogos, mas como fator complementar. “Que não se tenha ilusão que se possa compensar o investimento em meios aéreos com desinvestimento em meios terrestres”, afirma.

A par desta reforma é inevitável uma reforma na proteção civil com um olhar diferente dos bombeiros com “papel determinante”.

Duarte caldeira pede a dignificação dos bombeiros, o que passa pela profissionalização para garantirem 24 horas de socorro às populações e um salário digno de quem “exerce funções indispensáveis à segurança dos portugueses”. E para isso, garante são “necessárias medidas legislativas e medidas audaciosas”.

E a par do plano para os meios aéreos, dos profissionais é preciso olhar para o território, nesta matéria Duarte Caldeira, deixa a critica.

“É preciso acabar com os diagnósticos e passar às terapêuticas, criar mecanismos de avaliação, acompanhamento e monitorização das decisões políticas para, em tempo útil, corrigir medidas sem resultados, sem nunca perder de vista o objetivo que se pretende”.

E diz mais, “acabemos com as experiências laboratoriais, decida-se e excute-se com prazos, acabe-se com decisões de estaca zero!”.

Duarte Caldeira acredita que só com uma atuação em triângulo que as coisas vão funcionar: conhecimento técnico, audácia na decisão politica, participação da sociedade.


Valor das aquisições:

Black Hawk - aquisição no valor de 63.916.207euros;

Koala- aquisição 7.631.057,94 euros

Canadair- aquisição 176.668.441 euros


Características Meios Aéreos:

O UH-60 Black Hawk é um helicóptero utilitário bimotor de médio porte. A sua tripulação básica é composta por dois pilotos, transporta até 12 passageiros na cabine e tem capacidade de largada de 2950L de água. Com autonomia de voo de 2h30, tem um alcance de 555 km e atinge uma velocidade máxima de 314 km/h.

Por sua vez, o AW119 Koala é um helicóptero monomotor extremamente versátil, cumprindo um leque bastante alargado de missões, como sejam: patrulhamento e observação no apoio ao combate aos incêndios rurais, instrução básica e avançada de voo, busca e salvamento e evacuações sanitárias. Tem capacidade de transportar até sete passageiros (além do piloto), uma maca e cinco passageiros, ou ainda 1400 Kg em carga suspensa.

O DHC -515. Firefighter/ Canadair é um bombardeiro pesado DHC-515 consegue reabastecer os tanques de água em 12 segundos a partir de lagos, rios ou oceanos.

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