27 set, 2024 - 00:01 • Anabela Góis
As vacinas para os adultos podem representar poupanças significativas para a economia do país e mais anos com qualidade de vida para os idosos. A ideia é defendida pelo projeto +Longevidade, promovido pelo NOVA Center for Global Health, que entrega esta sexta-feira no Parlamento um conjunto de 20 recomendações de políticas públicas, que visam reforçar a proteção vacinal na idade adulta.
Em vésperas da apresentação do Orçamento do Estado para 2025, mais de 20 peritos de diversas especialidades e diferentes gerações defendem o alargamento do atual Programa Nacional de Vacinação (PNV), com o propósito de incluir um calendário vacinal dirigido à faixa etária acima dos 65 anos. Propõem, também, a otimização do PNV através da identificação de pontos de sensibilização e incentivos à vacinação dentro e fora da rede de cuidados de saúde.
Este calendário, explica Francisco George, antigo diretor-geral da Saúde, “inclui o alargamento a quem tem 65 anos da vacina contra a gripe de alta dose, que é fornecida gratuitamente aos maiores de 85 anos, mas também vacinas para outras doenças respiratórias, como pneumonias e o vírus sincicial respiratório, HPV e para prevenção da zona, o herpes zoster, que é provocado pelo vírus da varicela”.
Para o 'chairman' do +Longevidade, reduzir morbilidade e a mortalidade por doenças evitáveis pela vacinação, em adultos e idosos, é uma oportunidade que não pode ser ignorada. “Portugal é um país envelhecido. Um em cada quatro habitantes tem mais de 65 anos de idade sendo que esta faixa da população pode ter ganhos em saúde não só graças a comportamento e estilos de vida, mas também com a vacinação que nós propomos”.
Os responsáveis por este projeto lembram que Portugal é o quarto país da União Europeia onde a população idosa tem menos anos de vida saudáveis após os 65 anos, o que se traduz numa despesa que, pode chegar aos 245 milhões de euros - se extrapolarmos dados relativos a outros países – em custos diretos e indiretos para tratar patologias que podem ser prevenidas.
“Evitar a morte, evitar casos graves que exigem hospitalizações e internamentos em cuidados intensivos, significa que estamos a poupar mais do que o valor que seria gasto na aquisição das novas vacinas” defende Francisco George que sublinha, ainda, que “Portugal gasta muito pouco em prevenção no contexto do orçamento da saúde. É preciso ir mais além. Não é só dizer que se vai fazer, é preciso fazer” conclui.