25 set, 2024 - 09:52 • Cristina Nascimento
É um projeto que enche de orgulho o presidente da Junta de Freguesia de Benfica: é inaugurada esta quarta-feira a primeira residência universitária construída de raiz com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
São 120 camas que passam a estar disponíveis, 110 para estudantes e 10 para professores e/ou investigadores (se não forem ocupadas por professores ou investigadores, são ocupadas também por estudantes).
“A seleção é feita pelas universidades e pelas escolas superiores. O estudante bolseiro vai pagar – e 70 das camas são para estudantes bolseiros – os valores rondam os 88 euros mês. A média das camas todas são 130 euros mês”, explica à Renascença Ricardo Marques.
O valor inclui o alojamento, mas também todas as despesas básicas – água, luz, gás e ligação à internet – bem como a serventia de espaços comuns como ginásio, lavandaria e cozinha.
Ricardo Marques revela que a obra custou quase quatro milhões de euros e foi construída em cerca de um ano. Na próxima segunda-feira, 30 de setembro, já começam a chegar os primeiros residentes.
“A obra em si começou em outubro do ano passado, mas o edifício a crescer, a olhos vistos, começou em fevereiro e está pronto neste momento. Isto só é possível graças a uma construção modelar, altamente tecnológica, 100% portuguesa, de uma eficiência brutal e com muita, muita qualidade”, descreve.
No plano da eficiência, destaca-se o plano ambiental, dado que o edifício está equipado com painéis fotovoltaicos que asseguram uma autonomia energética elevada, bem como um sistema de recuperação de águas da chuva.
Ricardo Marques começa por deixar claro que 20 camas ficaram reservadas para a Junta de Freguesia decidir a quem atribui. As restantes vão ser atribuídas pelos serviços sociais das universidades.
“Demos alguma prioridade ao Instituto Politécnico de Lisboa que está sedeado em Benfica, tem cá a sua sede e tem cá três das suas escolas superiores: a Escola Superior de Educação, de Música e de Comunicação Social. Aliás, eles foram muito dos grandes impulsionadores do nosso desejo de construir e gerir este equipamento”, conta o autarca, que, acrescenta, também dão prioridade a alunos da Faculdade de Medicina de Lisboa, à Universidade Nova e ao Instituto Superior de Gestão.
Quanto às camas que serão decididas pela Junta, vão beneficiar entidades com as quais a Junta tem, de alguma forma, uma relação mais particular.
Ricardo Marques explica que este ano fizeram “um protocolo com a Câmara Municipal de Proença-a-Nova” e por isso poderá ter prioridade no acesso à residência universitária, mas não é a única entidade.
“Iremos também falar com o Governo Regional do Príncipe, da Ilha de São Tomé e Príncipe, pois temos uma grande comunidade do Príncipe em Benfica e, portanto, faz todo o sentido que se apoie alunos deslocados que venham do Príncipe. E também numa ligação aos clubes locais, clubes como o Grupo Desportivo de Direito, o Clube Futebol Benfica, o Casa Pia Atlético Clube, nas modalidades não profissionais muitas vezes o fator de captação de jovens talentos tem muito a ver com a questão do alojamento estudantil e universitário enquanto eles estudam”.
Á falta de alojamento a preços acessíveis não é um problema exclusivo do Ensino Superior e por isso a Junta de Freguesia de Benfica quer ir mais além.
“Nós há três anos propusemos quer ao IHRU [Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana], como ao Ministério da Educação, como a várias entidades, o aproveitamento do PRR para criar uma linha de financiamento, neste caso para a cidade de Lisboa, que permitisse a construção de casas para funcionários públicos, não só professores, mas também médicos, enfermeiros, auxiliares de ação médica”, explicou.
A ideia foi lançada, mas até agora ainda não houve condições para que saísse do papel, por isso, a Junta foi avançando com uma alternativa.
“Lançámos há três semanas uma plataforma de ‘matching’ na qual nós fazemos a ponte entre moradores de Benfica, neste caso, têm sido muitos séniores, que tenham quartos disponíveis para acolher profissionais públicos que estejam deslocalizados – professores, médicos, bombeiros, enfermeiros”, descreve.
Ricardo Marques explica que, neste momento “já têm seis ‘matches’: três professores, dois enfermeiros e um médico”.
Uma equipa da Junta está agora a acompanhar quer os fregueses que disponibilizaram alojamento, quer os pretendes a ocupar o espaço, para garantir que todos ficam bem servidos.