19 set, 2024 - 10:45 • André Rodrigues , João Malheiro
Aluimentos de solos, águas contaminadas poderão ser o efeito imediato, passados os violentos incêndios desta semana.
O quadro é antecipado na Renascença pelo climatologista Carlos Câmara. O especialista diz que, nesta altura, está mais preocupado com as consequências de curto prazo do que com os efeitos dos fogos nas alterações climáticas.
O especialista refere que depois de grandes manchas ardidas, "os terrenos vão ser fortemente erodidos, porque deixa de haver toda a parte radicular que sustém o solo, caso haja precipitação com prejuízo para a qualidade do solo e, também, com o facto de contaminarem as águas devido exatamente esse a todo esse escorrimento".
"Portanto, no fundo, há para já uma série de implicações que têm efeito de curto prazo. E essas convém desde já atentar”, avisa.
Outro dos perigos a ter em conta no inverno é a instabilidade dos terrenos fustigados pelas chamas.
Carlos Câmara indica há "risco de derrocadas" e que um grande incêndio "tem impactos, não só aqueles que são conhecidos a nível socioeconómico, mas também a nível quer da saúde, quer a nível da organização da paisagem”.
Questionado, ainda, sobre os riscos de repetição de um cenário idêntico ao desta semana nos tempos mais próximos, o climatologista admite que o país deve estar preparado para esse cenário.
“Nos primeiros 20 anos deste século, começamos a ter uma percentagem de área ardida em junho e outubro que é muitíssimo maior do que nos 20 anos anteriores. Para este ano, as previsões a longo prazo apontam para uma probabilidade de termos precipitação a menos e, caso venha alguma condição, como por exemplo, a de agora, isso pode levar outra vez a termos uma situação complicada ainda este ano”, aponta.