18 set, 2024 - 08:30 • Miguel Marques Ribeiro
Nos últimos dias, diversas cidades cobriram-se de fumo devido à vaga de incêndios que assolou Portugal e é cada vez mais frequente vermos pessoas a usar uma máscara para se protegerem.
Mas será que as máscaras que estamos habituados a usar como barreira para os vírus respiratórios podem de facto ajudar a travar as partículas nocivas libertadas pelo fogo?
A resposta é sim, mas é bom ter em conta as suas limitações e a forma como cada tipo de máscara atua.
Antes de mais, o principal é evitar a exposição ao fumo. Se esta for mesmo inevitável, como acontece, por estes dias, com muitos portugueses, a Direção- Geral de Saúde recomenda a utilização de “máscara/respirador (N95)”.
Para já, a autoridade de saúde não deixa indicações sobre a utilização de outro tipo de máscaras faciais.
Para ajudar a minimizar as consequências para a po(...)
O especialista em saúde pública, Ricardo Mexia, sublinha que as N95 garantem a melhor proteção, porque são capazes de filtrar “95% das partículas e nomeadamente aquelas um pouco mais pequenas”.
Isso significa que devemos já por de lado outro tipo de máscaras? Nem por isso, esclarece o especialista. As “outras máscaras podem também ser úteis, apesar de não conseguirem filtrar tantas partículas”.
Assim, a primeira escolha deve ser a N95, sobretudo para quem sofre de algum tipo de problema respiratório.
Quem não tiver acesso a uma N95 pode sempre usar uma máscara cirúrgica, ou na ausência destas, avaliar a utilização uma gola de tecido ou uma máscara têxtil, ainda que, nesse caso, a eficácia diminua ainda mais.
Incêndios cobriram de um manto amarelo opaco o cen(...)
Pode “haver alguma vantagem”, mas não se obtém uma “duplicação da capacidade de filtração” por sobrepor uma máscara com outra, porque “a malha continua a ser a mesma”, esclarece Ricardo Mexia.
Não completamente, sobretudo se sofrer de doença respiratória. Apesar de ser uma ajuda, a N95 é incapaz impedir a passagem de diversos gases que podem causar intoxicação, como é o caso do monóxido de carbono.
Assim, é preciso reforçar a ideia: o ideal, nesta fase, é mesmo evitar a exposição ao fumo. A DGS fez algumas recomendações nesse sentido: manter-se "dentro de casa, com janelas e portas fechadas, em ambiente fresco. Ligar o ar condicionado, se possível, no modo de recirculação de ar", diz a autoridade de saúde.
A Direção-Geral da Saúde fez recomendações sobre o(...)
Também é importante "evitar a utilização de fontes de combustão dentro de casa (aparelhos a gás ou lenha, tabaco, velas, incenso, entre outros)", bem como "evitar atividades no exterior" e reforçar a hidratação.
A Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) sublinhou, em comunicado, que com os incêndios são libertadas "grandes quantidades de poluentes com repercussões importantes na qualidade do ar" e com "consequências gravosas" na saúde das populações expostas. As particulas podem 'viajar' por vários quilómetros no ar, o que potencia a agudização de doenças respiratórias crónicas.
“A intoxicação por monóxido muitas vezes é difícil de identificar até a pessoa ficar mesmo em dificuldades", sublinha Ricardo Mexia. "É fundamental se as pessoas começarem a ter algum sintoma, devem efetivamente procurar ajuda diferenciada que possa ajudar a resolver o problema”.