17 set, 2024 - 00:51 • Alexandre Abrantes Neves
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Domingos Xavier Viegas, especialista no estudo de incêndios florestais, lamenta que, depois dos incêndios de 2017, continuem a faltar verbas para limpar terrenos.
Em entrevista à Renascença, o académico aponta a secura dos terrenos como uma das principais causas para a intensidade dos violentos incêndios que assolam Portugal, que já provocaram três vítimas mortais, queimaram milhares de hectares e destruíram pelo menos 25 habitações.
“Todo esse trabalho [de limpeza] é muito oneroso e exige investimentos que, infelizmente, com a gestão económica que existe atualmente, não se consegue”, argumenta Xavier Viegas.
O especialista sugere que parte das verbas europeias possa ser aplicada nas operações de limpeza dos terrenos e das florestas, e considera que a luta contra os incêndios deve ser travada durante todo o ano, e não apenas nos dias de calor.
“Eu não sei se eventualmente com programas da União Europeia, que está cada vez mais atenta a este perigo dos incêndios. Cada vez mais é importante que os decisores políticos vejam o problema dos incêndios como um problema nacional. É um problema que não é sazonal, não ocorre apenas nos dias de calor, mas é um problema que tem que ser tratado e pensado durante todo o ano”, sublinha.
O Governo decidiu prolongar a situação de alerta por mais 48 horas, até às 23h59 de quinta-feira.
Xavier Viegas considera que a medida também devia mobilizar a população e faz um apelo à suspensão de atividades que possam provocar incêndios nesta altura crítica.
“Essa medida [da situação de alerta] diz muito respeito às entidades que dependem do Estado, que vão participar neste sistema de prevenção e de combate, oxalá fosse também mobilizadora dos cidadãos e os levasse a terem mais consciência e mais cuidados em relação a operações que costumam fazer e que podem envolver ou o uso do fogo ou então a prática que possa provocar o fogo. Isso deveria ser evitado”, conclui Xavier Viegas.