16 set, 2024 - 21:24 • Ricardo Vieira
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O primeiro-ministro anunciou esta segunda-feira o prolongamento do estado de alerta por mais 48 horas, até às 23h59 de quinta-feira. Luís Montenegro avisa que os próximos dias serão difíceis em matéria de incêndios.
Em declarações na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, Luís Montenegro disse que foi já criada uma equipa no Governo para ajudar os concelhos mais afetados pelos incêndios.
"Do ponto de vista do apoio às populações e autarquias atingidas, foi criada uma equipa multidisciplinar do Governo, coordenada pelo ministro adjunto e da Coesão Territorial, que se vai instalar amanhã de manhã no concelho de Aveiro. Já está a programar e a agendar reuniões com autarcas dos municípios mais atingidos e que vai integrar elementos dos ministérios das Infraestruturas e Habitação, da Saúde, da Educação, da Agricultura, da Administração Local."
O primeiro-ministro deixa uma palavra de serenidade, mas avisa que as dificuldades vão continuar nos próximos dias.
"Dentro desta palavra de tranquilização e serenidade é preciso realismo. Vamos passar horas difíceis nos próximos dias, temos de nos preparar para isso e temos de nos juntar”, declarou Luís Montenegro.
Três pessoas morreram nas últimas 24 horas e dois (...)
O chefe do Governo lamenta as vítimas causadas pelos incêndios e apela a que a população cumpra as instruções das forças de segurança e dos bombeiros, nomeadamente em matéria de evacuações e corte de estradas.
Vários automobilistas passaram esta segunda-feira por estradas com chamas nas bermas. Questionado se essa situação não podia ter sido evitada, Montenegro defende que "não vale a pena arranjar polémicas onde elas não existem".
"Quando há fogos e avanços repentinos há sempre situações limite e de dificuldade. Eu estou muito à vontade porque estive numa dessas zonas e falei várias vezes com a ministra da Administração Interna, com o comandante-geral da GNR, com todos os presidentes de câmara onde ocorreram esses episódios, para pedir toda a colaboração e empenho para que as forças de segurança pudessem evitar que algumas portuguesas e portugueses fossem encaminhados para esses sítios e os que lá estivessem fosse retirados. Isso aconteceu. Funcionou. Não é adequado estarmos a polemizar uma situação que funcionou. Podia ter acontecido alguma tragédia? Pode e amanhã vamos continuar a ter essa iminência. temos de ser verdadeiramente muito prudentes.”
Montenegro disse que acionou o pedido de ajuda europeia assim que os requisitos foram atingidos e disse que foi um processo rápido. O primeiro-ministro diz que está a fazer tudo para reforçar os meios de combate aos incêndios, mas isso também depende da disponibilidade dos outros países. Dois aviões Canadair espanhóis já estiveram esta segunda-feira nas operações de combate aos incêndios em Portugal.
Nestas declarações aos jornalistas, o chefe do Governo diz que está a tentar não cometer erros do passado, e estranha a "coincidência" entre o agravamento das condições climatéricas e o "aparecimento de ignições muito próximas umas das outras".
"É preciso fazer um esforço para prevenir, prevenir, prevenir, e quando as ignições acontecem e elas têm acontecido a um ritmo muito elevado nas últimas horas. Há uma coincidência entre o agravamento das condições climatéricas e o aparecimento de ignições muito próximas umas das outras, em locais que parecem selecionados. Nós aprendemos com erros do passado e estamos a fazer tudo para não reincidir neles, mas há elementos contra os quais é mais difícil combater e este de aparecerem tantas ignições ao mesmo tempo em localidades tão próximas, a abrir frentes de combate tão difíceis", afirma Luís Montenegro.
O Presidente da República também esteve na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e deixou uma palavra de solidariedade para com as populações afetadas e com os bombeiros no terreno.
"A minha primeira palavra é para os portugueses e para as portuguesas, sobretudo as populações atingidas. A palavra de agradecimento e solidariedade. Agradecimento pela forma como de modo geral enfrentaram uma situação repentina, muito próximo do sítio onde viviam, como acataram indicações das autoridades", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
“Há um ponto muito importante e que temos aprendido ao longo dos últimos anos: por um lado, a capacidade de resistência, solidariedade e serenidade das populações - nem sempre é fácil as duas coisas ao mesmo tempo", sublinhou o Presidente da República.