15 set, 2024 - 16:59 • Redação
“Sem drama, mas com urgência”, este é o mote do BoilFest, que se realiza no Parque de Serralves entre os dias 25 e 29 de setembro. Pela primeira vez em Portugal, o evento promete juntar arte, ciência e humor na luta contra as alterações climáticas.
O festival conta com exposições, salas de cinema e dois dias de talks com convidados nacionais e internacionais. No último dia, está prevista uma ‘silent disco’ para, de forma descontraída, se entender como cada um pode ter impacto no desafio da redução da pegada ecológica.
Graça Fonseca, responsável pela produção do evento, revela que "artistas e humoristas" vão estar "à conversa sobre temas que são globais" e que "estão estruturados a pensar no dia-a-dia de uma pessoa".
"Temos conversas que serão mais acessíveis", afirma. O festival contará com a presença de artistas como João Manzarra, Joana Barrios e Hugo van der Ding. O preço do bilhete diário é de 40 euros.
"Acabou a era do aquecimento global, começou a era do boiling", afirma Graça Fonseca, citando o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres e fazendo uma analogia ao título deste festival.
O principal objetivo deste nova atração é, "através de analogias" e paineis diversificados, haver diálogos simples, mas importantes, entre cientistas e artistas sobre as alterações climáticas.
"A primeira vez que eu pensei sobre o que é que significava o aquecimento global foi quando me explicaram que é o que acontece quando tens febre. [...] Talvez esta seja a melhor metáfora", partilha a ex-ministra da cultura.
Graça Fonseca revela ainda que, na sociedade, a "capacidade de receber mensagem está cada vez mais limitada" e foi isso que levou à escolha de "humoristas" e figuras conhecidas do grande público para palestrantes. "Se utilizamos algo com o qual tínhamos empatia, com o qual nós consigamos nos relacionar, se calhar às vezes, com um bocadinho de piada, conseguimos", garante.
Sobre o investimento feito no BoilFest, a antiga ministra não avança com valores exatos, justificando que "resulta de um ecossistema de parceiros", mas garante que é um festival "financeiramente sustentável". "Eu acredito que todo o trabalho dos cientistas, dos artistas, dos humoristas, tem que ser remunerado e deve ser remunerado", finaliza.
O vice-presidente da Fundação Serralves, Manuel Ferreira da Silva, revela à Renascença que, quando confrontados com a possibilidade de acolher o festival, não só abraçaram a oportunidade "com muito interesse", por ser uma "ideia original", como também decidiram ser coprodutores do evento.
"É necessário utilizar outras linguagens que não apenas a linguagem científica", defende.
Para Manuel Ferreira da Silva, o "humor é a melhor forma de tratar de temas sérios" e defende que, quando bem utilizado, pode ser "uma arma muito poderosa", além de ser uma forma de "atrair outros públicos".
"É preciso que todos nós estejamos cada vez mais a atuar em linha com aquilo que é inegável", afirma.
No horizonte, fica a possibilidade segunda edição em 2025 e "fazer uma conexão" com a Cimeira do Clima, que se realiza no Brasil.