12 set, 2024 - 10:38 • João Cunha
Os mais novos, alunos do primeiro ao terceiro ciclos, ainda festejam quando percebem que não vão ter professor a determinada disciplina: há mais tempo para a brincadeira.
Os alunos do secundário, contufo, já começam a perceber o impacto negativo dessas "brancas" no tempo de aulas. Afonso Martins, de 17 anos, tem esta quinta-feirao primeiro dia de aulas no 12º ano, na Secundária de São João do Estoril. "Ficar sem aulas é muito complicado", confessa.
"Eu sou do curso profissional e tive de repor as aulas mais tarde, por não haver professores". E assim perdeu dias de férias. Um colega, Fernando Almeida, espera que este ano o cenário não se repita, porque, senão, "voltamos ao mesmo".
"Depois vamos ter de ficar cá nas férias de Verão para recuperar as aulas que não tivemos, como aconteceu no ano passado", desabafa.
A poucos minutos do início das aulas, Bianca Pereira chega apressada. Ajeita o cabelo que o vento insiste em desnortear e explica que ainda o 12.º ano não começou e já existem problemas: "Os professores atualmente estão mais velhos e mais perto da idade da reforma. Há professores que caiem, que metem baixa. E não há professores substitutos. No meu caso, a minha professora de português partiu o braço e vamos estar seis semanas sem professor."
É tempo a mais, admite Bianca, ainda para mais porque é obrigatório fazer exame de português no 12º ano.
"Estão à procura de professor substituto. E como não encontram, já nos disseram que, provavelmente, as aulas terão de ser compensadas com aulas de substituição fora do horário normal."
A ainda uma hora da primeira aula, Jéssica Figueiredo está junto ao portão da escola, com uma amiga. Olharam mal para o horário e acharam que começavam ao primeiro tempo. As duas, colegas de turma no ano passado, ainda se lembram dos problemas decorrentes da falta de professores.
"Tivemos falta, no início do ano letivo, do professor de História e de Matemática", explica Jéssica. "Foi muito difícil fazer o exame de Matemática Aplicada às Ciências Sociais, como eu fiz."
Jéssica teve aproveitamento, graças ao estudo, "seguido de estudo e mais estudo". Porque durante todo o ano, não foi possível encontrar um substituto para as aulas de Matemática.