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Investigação

“Podemos fazer sair os nossos F-16 sem sermos observados do espaço”

10 set, 2024 - 12:00 • Marisa Gonçalves

A Base Aérea de Beja conta, a partir desta terça-feira, com um telescópio que vai vigiar o espaço para missões de defesa e proteção civil. O novo equipamento utilizará inteligência artificial.

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Peça da jornalista Marisa Gonçalves

A Força Aérea Portuguesa apresenta, esta terça-feira, o mais avançado telescópio ótico em Portugal, no âmbito do desenvolvimento das estratégias de defesa nacional e europeia.

O principal contributo será ao nível da segurança, adianta à Renascença, o Coronel Pedro Costa da Força Aérea.

“A título de exemplo, podemos fazer sair os nossos F-16 sem sermos observados pelo espaço. Na verdade, nós não vemos, mas há muitos satélites por cima das nossas cabeças de Estados que, eu diria, utilizam essa informação para fins menos pacíficos. Também evitar, por exemplo, colisões entre satélites, saber exatamente que objetos andam por cima das nossas cabeças para ter alguma informação de um ponto de vista também da inteligência. Por outro lado, também avaliar coisas tão banais como reentradas na atmosfera. Há objetos que ardem e acabamos por não dar por eles, mas outros não. Por exemplo, os corpos dos foguetões não ardem e temos de monitorizar para evitar eventuais acidentes”, declara.

O novo telescópio terá uma utilização militar e civil para fins de vigilância e monitorização. Vai ficar instalado na Base Aérea Nº11, em Beja, por se verificarem ali as melhores condições de temperatura e humidade para este tipo de equipamentos.

Trata-se de um projeto “com fundos do Plano de Recuperação e Resiliência, na ordem dos 25 milhões e euros”, adianta também o Coronel Pedro Costa.

Apresentação do telescópio ótico de monitorização do espaço na Base Aérea de Beja. Fotos: Nuno Veiga/Lusa
Apresentação do telescópio ótico de monitorização do espaço na Base Aérea de Beja. Fotos: Nuno Veiga/Lusa

A tecnologia utilizada tem marca portuguesa através da NeuraSpace, uma empresa dedicada à área da segurança, cooperação e operações no espaço. Carlos Cerqueira, o coordenador do projeto, diz que vai ser utilizada a inteligência artificial.

“No fundo, é fazer previsões e conseguir antecipar situações com bastante antecedência para que se possam tomar as devidas cautelas e evitar situações que sejam complicadas. Pode não ser só o evitar de uma colisão. Do ponto de vista da defesa, trata-se de tentar perceber se há objetos, digamos não conhecidos, que possam representar alguma ameaça e conseguir prever a sua trajetória. Sobretudo, é a nossa capacidade de ter algoritmos que olham para determinados padrões e conseguem extrair informação”, aponta.

O telescópio vai ter capacidade para visualizar acima dos 300 quilómetros e chegar quase aos 36.000 quilómetros. O novo aparelho vai possibilitar a análise de dados espaciais e transformar informações complexas em conhecimentos que podem ser úteis para fins de defesa e proteção civil.

Surge no caminho do paradigma a que a Força Aérea Portuguesa designa de “Força Aérea 5.3”, com o objetivo, entre outros, de melhorar a sua capacidade de dissuasão e resposta a potenciais ameaças, fora de fronteiras.

A apresentação decorre esta terça-feira, na Base Aérea N.º 11, que está localizada em Beja.

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